Religião se discute?
Escutamos desde criança que sobre (política e) religião não se discute. Mas será mesmo?
Pense bem: sem uma discussão sadia, não se chega a conclusão alguma e, dessa forma, sem aprendizado social sobre determinado assunto, permanecemos com um ponto de vista imaturo em relação ao assunto em questão.
Então não discutir sobre religião garante que continuemos imaturos sobre isso.
O que estamos protegendo com essa imaturidade? Inocência? Ingenuidade? Não! Ilusões.
Ilusões religiosas.
O motivo para mantermos tais ilusões não é outro senão o egoísmo.
Cada ser humano tem uma necessidade egoísta de estar certo e de garantir que o outro esteja errado. É por isso que não discutimos religião: para continuarmos certos.
Não, amigo evangélico, você não está defendendo a palavra de Deus: está defendendo seu ego, suas verdades pessoais.
Não, caro amigo muçulmano, você não está abraçando o Islã: está defendendo seu ego.
O mesmo para todos. Mesmo este artigo traz uma boa dose de egoísmo, pois também sou humano.
O que temos de fazer é aceitar que o outro pode estar certo e conseguir dizer do fundo do coração «eu posso errar, inclusive em minha opção religiosa».
Melhor ainda do que isso: aceitar que as coisas fazem sentido dentro de seus próprios contextos, portanto não é sábio impor verdades sem entender o contexto alheio.
Não é sábio rejeitar ou refutar verdades sem entender o contexto no qual estão inseridas.
Jesus Cristo não faz sentido fora de seu contexto (aliás Jesus tem sido muito descontextualizado para justificar as maiores barbáries); Muhammad não faz sentido fora de seu contexto (idem); Gautama Buda, Lao Tzu, Confúcio, Kŕśna também não.
Realmente: não se discute religião… pelo menos não sem conhecer sobre o que se está falando.
É preciso que nos entendamos e nos respeitemos mutuamente para então surgir um debate religioso sadio, uma troca de ideias respeitosa, que nos leve a uma maturidade espiritual.
[]'s
Cacilhas, La Batalema
PS: Valeu, L.P.!