2009-01-18

Três maneiras de escrever para crianças

lâmpada Encontrei uns pensamentos muito legais de C. S. Lewis em seu ensaio «Três maneiras de escrever para crianças», que eu gostaria de destacar.

Os críticos para quem a palavra adulto é um termo de aplauso, e não um simples adjetivo descritivo, não são nem podem ser adultos. Preocupar-se em ser adulto ou não, admirar o adulto por ser adulto, corar de vergonha diante da insinuação de que se é infantil: esses são sinais característicos da infância e da adolescência. (…) Quando se mantém na meia-idade ou mesmo na juventude, essa preocupação em «ser adulto» é um sinal inequívoco de retardamento mental.

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Hoje gosto de vinho branco alemão, coisa de que tenho certeza não gostaria quando criança; mas não deixei de gostar de limonada. Chamo esse processo de crescimento ou desenvolvimento, porque ele me enriqueceu: se antes eu tinha um único prazer agora tenho dois. Porém, se eu tivesse de perder o gosto por limonada para adquirir o gosto pelo vinho, isso não seria crescimento, mas simples mudança.

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A verdadeira vítima do devaneio em que todos os desejos se realizam não se inspira na Odisseia, em A tempestade ou em A serpente Uroboros. Prefere histórias que falam de milionários, beldades irresistíveis, hotéis de luxo, praias tropicais e cenas picantes – coisas que poderiam realmente acontecer, que deveriam acontecer, que teriam acontecido se o leitor tivesse tido a justa oportunidade. Isso porque, como digo, existem dois tipos de anseio. Um deles é uma askesis, um exercício espiritual, o outro é uma doença. (C. S. Lewis)


Esse ensaio pode ser encontrado no final de As Crônicas de Nárnia.

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Cacilhas, La Batalema