2014-09-24

Jeitinho brasileiro

Brasil Jeitinho brasileiro é a capacidade inata dos povos colonizados (por isso “brasileiro” não é a palavra correta) de arrumar solução para todos os problemas com improvisação, flexibilidade, criatividade e intuição. Nasce naturalmente em culturas carentes, onde não há soluções prontas e a informalidade e a inventividade são essenciais à sobrevivência.

Já recebi diversos relatos de como pessoas de nações mais formais se surpreendem positivamente com nossa (latinos americanos) capacidade de resolver problemas com simplicidade e soluções criativas às quais eles jamais chegariam; problemas considerados insolúveis estagnando filas de trabalho que são resolvidos com ventilador, teflon, boa vontade… Cuspe, areia e fita adesiva.

Infelizmente boa parte da nação brasileira é formada de vira-latas. Para o vira-lata, tudo o que tem relação com Brasil, latino, America do Sul ou ainda apenas hemisfério sul é inferior, ruim, execrável. Então jeitinho “brasileiro” é automaticamente ruim.

Dentro desse escopo, o vira-lata confunde jeitinho com Lei de Gérson.

Lei de Gérson, que nada tem a ver com ser brasileiro, além do nome, é o comportamento daquela pessoa que espera levar vantagem em tudo, que não cede em nenhum mínimo ponto, quer ganhar em cada detalhe.

O “gérson” é aquele cara, brasileiro, estadunidense, africano, canadense, argentino, europeu…, que se acha “o malandro” (mesmo que nem conheça a expressão) e tenta tirar vantagem de tudo. Ele não admite ceder um pouco daqui pra poder ganhar algo melhor ali na frente, ele não admite perder.

É essa mentalidade de “gérson” que é chamada por muita gente de “jeitinho brasileiro”… ou melhor: é chamado de jeitinho brasileiro quando vem de um latino (de fora do círculo de amizades dele), porque quando vem do “primeiro mundo”, aí ele chama de “concorrência”, “competitividade”, “garra”.

Não importa a nacionalidade, a Lei de Gérson é danosa à sociedade, ao círculo de amizades e, a médio prazo, ao próprio “gérson”. Já o jeitinho brasileiro de verdade – improvisação, flexibilidade, criatividade, intuição – é uma das qualidade mais benéficas que um ser humano pode desenvolver. Ainda assim, como um martelo, pode ser usado como ferramenta construtiva ou para martelar o dedo.
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