2008-11-30

A Religião do Consumismo

Consumo, logo existo
O Financial Times de Londres noticiou que a Young & Rubicam, uma das maiores agências de publicidade do mundo, divulgou a lista das dez grifes mais reconhecidas por 45.444 jovens e adultos de 19 países. São elas: Coca-Cola (35 milhões de unidades vendidas a cada hora), Disney, Nike, BMW, Porsche, Mercedes-Benz, Adidas, Rolls-Royce, Calvin Klein e Rolex.

«As marcas constituem a nova religião. As pessoas se voltam a elas em busca de sentido», declarou um diretor da Young & Rubicam. Disse ainda que essas grifes «possuem paixão e dinamismo necessários para transformar o mundo e converter as pessoas em sua maneira de pensar».

A Fitch, consultoria londrina de design, no ano passado realçou o caráter «divino» dessas marcas famosas, assinalando que, aos domingos, as pessoas preferem o shopping à missa ou ao culto.

Em favor de sua tese, a empresa evocou dois exemplos: desde 1991, cerca de 12 mil pessoas celebraram núpcias nos parques da Disney World, e estão virando moda os féretros marca Halley, nos quais são enterrados os motoqueiros fissurados em produtos Halley-Davidson.

A tese não carece de lógica. Marx já havia denunciado o fetiche da mercadoria. Ainda engatinhando, a Revolução Industrial descobriu que as pessoas não querem apenas o necessário. Se dispõem de poder aquisitivo, adoram ostentar o supérfluo. A publicidade veio ajudar o supérfluo a impor-se como necessário.

A mercadoria, intermediária na relação entre seres humanos (pessoa- mercadoria- pessoa), passou a ocupar os pólos (mercadoria- pessoa- mercadoria). Se chego à casa de um amigo de ônibus, meu valor é inferior ao de quem chega de BMW. Isso vale para a camisa que visto ou o relógio que trago no pulso.

Não sou eu, pessoa humana, que faço uso do objeto. É o produto, revestido de fetiche, que me imprime valor, aumentando a minha cotação no mercado das relações sociais. O que faria um Descartes neoliberal proclamar: «consumo, logo existo».

Fora do mercado não há salvação, alertam os novos sacerdotes da idolatria consumista.

Essa apropriação religiosa do mercado é evidente nos shopping centers, tão bem criticados por José Saramago em A Caverna. Quase todos possuem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas. São os templos do deus mercado. Neles não se entra com qualquer traje, e sim com roupa de missa de domingo. Percorrem-se os seus claustros marmorizados ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Ali dentro tudo evoca o paraíso: não há mendigos nem pivetes, pobreza ou miséria. Com olhar devoto, o consumidor contempla as capelas que ostentam, em ricos nichos, os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode pagar à vista, sente-se no céu; quem recorre ao cheque especial ou ao crediário, no purgatório; quem não dispõe de recurso, no inferno. Na saída, entretanto, todos se irmanam na mesa «eucarística» do McDonald's.

A Young & Rubicam comparou as agências de publicidade aos missionários que difundiram pelo mundo religiões como o cristianismo e o islamismo. «As religiões eram baseadas em idéias poderosas que conferiam significado e objetivo à vida», declarou o diretor da agência inglesa.

A fé imprime sentido subjetivo à vida, objetivando-a na prática do amor, enquanto um produto cria apenas a ilusória sensação de que, graças a ele, temos mais valor aos olhos alheios. O consumismo é a doença da baixa auto-estima. Um São Francisco de Assis ou Gandhi não necessitava de nenhum artifício para centrar-se em si e descentrar-se nos outros e em Deus.

O pecado original dessa nova «religião» é que, ao contrário das tradicionais, ela não é altruísta, é egoísta; não favorece a solidariedade, e sim a competitividade; não faz da vida dom, mas posse. E o que é pior: acena com o paraíso na Terra e manda o consumidor para a eternidade completamente desprovido de todos os bens que acumulou deste lado da vida.

Fonte: Ética Global.

2008-11-29

Identidade linguística

lâmpada Identidade não é algo que separa as pessoas, é algo que une, conecta.

No ano de 1993 os (na época) sete países lusófonos se reuniram num esforço para unificar e regular a Gramática Oficial da Língua Portuguesa, com o fim de torná-la mais regular – sem tantas exceções – e simples, e para respeitar oficialmente as peculiaridades de cada país.

O trabalho teve sucesso e todos os países se comprometeram em oficializar a nova gramática universal em 1995.

Veja que tal esforço conecta culturalmente todos os lusófonos, compartilhando uma identidade linguística única sem prejudicar os elementos culturais específicos de cada nação – pelo contrário, enriquecendo.

No entanto ao atualizar a gramática, os professores precisariam se atualizar também e o governo tucano achou que com isso poderia perder os votos dos professores, portanto decidiu manter a gramática antiga.

Assim, em 2000 o Brasil era o único de oito países lusófonos a usar uma gramática desintegrada, obsoleta e mais complicada. Ganham os corruptos, perdem os alunos.

Em 2005 nosso governo centro-esquerdista¹ finalmente resolveu atualizar nossa gramática, livrando o Brasil de seu isolamento cultural, o que só aconteceu de fato neste ano, 2008.

A partir daí você tem dois caminhos: aprender uma nova gramática mais fácil e deixar aquele peso pra trás ou ser um retrotio² e remar contra a corrente.

Para começar, é uma boa ler essa introdução, mas sugiro a aquisição de uma gramática (livro).

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Cacilhas, La Batalema

¹Centro-esquerdista: segundo a Gramática da Língua Portuguesa, base XV, «emprega-se o hífen nas palavras compostas por justaposição que não contêm formas de ligação».
²Retrotio: palavra emprestada de Luli Radfahrer, significa um indivíduo engessado, desprovido de critério e que vive de passado sem reconhecer a evolução das coisas. É usada em contraposição a cibertio, indivídio também desprovido de critério, mas que ignora o passado e não reconhece o legado das coisas.

Bem me quer, mal me quer…

Baal Há algo de muito errado ocorrendo na atual sociedade, reflexo de sua evolução, mas que pode(ria) ser corrigido.

Antes de continuar lendo este artigo, veja essa referência. Pode esclarecer algumas ideias que, aqui expostas, ficaram um tanto obscuras.


Felicidade virou sinónimo de corrupção e miséria de retidão.

Ser feliz é errado. Dar-se bem na vida é errado.

O certo é ser sempre o coitadinho, o miserável, aquele que nunca dá certo, porque todo mundo sente pena e tenta consolar o miserável, então as pessoas se sabotam para permanecerem miseráveis.

Daí quem se dá bem, quem luta para melhorar a vida, se torna alvo dos miseráveis, ele é tido como o errado, o corrupto, o responsável pela autossabotagem dos miseráveis. =(

Enquanto o feliz pensa sobre o que ele precisa fazer de diferente para crescer, o miserável acha que para melhorar tem de fazer dobrado a mesma coisa que ele sempre fez – e nunca deu certo.

Então o pedreiro, por exemplo, que deseja subir na vida, em vez de se especializar dentro de seu ofício, aumenta sua jornada de trabalho. E isso vale pra quase qualquer profissão – ou melhor, emprego, porque profissão implica em crescimento profissional.

A partir desse ponto o preconceito social e racial que vem sendo cultivado há séculos ganha um sentido invertido, porém igualmente danoso…

Hoje em dia é moda ser negro afrodescendente, homossexual, bandido (não quer com esta citação associar os três conceitos, de forma alguma!). Se você tiver a pele branca, é automaticamente alemão e responsável pela incompetência daqueles negros afrodescendentes que passam a vida culpando a sociedade por sua falta de sucesso – como se não existissem brancos pobres ou negros afrodescentendes de sucesso!

Tenho descendência indígena e portuguesa, sou tão brasileiro quanto qualquer negro afrodescendente, tenho cultura fortemente nacional, mas, como tenho pele branca, sou taxado de alemão, às vezes até no ônibus, como se não merecesse minha descendência ou minha nacionalidade.

Nunca rotulei meus amigos pela cor da pele, tenho amigos negros afrodescendentes, dos quais tenho orgulho – aliás uma de minhas melhores amigas é negra afrodescendente e foi minha namorada na adolescência.

É legal ser homossexual e se você não for, é taxado de homófobo – pelo menos isso acontece menos do que o problema do racismo.

Que saco: não sou homófobo, nunca fui, tenho amigos homossexuais e nunca questionei a sexualidade deles, assim como eles nunca questionaram a minha. Mas sou heterossexual e espero que minha opção sexual seja respeitada assim como respeito a alheia – por que isso seria homofobia?

Por último, hoje em dia é bonito ser criminoso. É o máximo, é legal. Que grande babaquice!

Isso é manipulação de massa e pessoas de mente fraca se deixam manipular.

Realmente este assunto dá muito pano pra manga, no entanto é difícil de ser desenvolvido. Outra hora talvez eu consiga continuá-lo – ou quem sabe os comentários fazem isso por mim. =D

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Cacilhas, La Batalema

PS: Importantíssimo, relacionado ao assunto e obrigatório, assistam ao vídeo Para que serve uma monocotiledônea? (nerds, mídias sociais e a escola do século 21), também nas Reflexões de Monte Gasppa e Giulia C..

2008-11-28

Monocotiledônea

Enquanto estou digerindo o conteúdo para o próximo artigo, recomendo assistir a palestra de uma hora de Luli Radfahrer sobre a relevância da tecnologia e da monocotiledônea (WTF?) na educação:

Para que serve uma monocotiledônea? (nerds, mídias sociais e a escola do século 21)



É de extrema relevância e acesso obrigatório para tecnólogos e educadores conscientes.

[update 2008-11-29]Acabei de ver que o Luli publicou algo sobre essa palestra em seu blog![/update]

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Cacilhas, La Batalema

2008-11-24

NeXTSTEP release 3

NeXT
Esse vídeo é uma apresentação do NeXTSTEP feita por Steve Jobs em 1992.

Sei que para alguns mais desatentos o sistema pode parecer ultrapassado, mas gostaria de grifar dois pontos importantes:

  1. Na mesma época, aquele outro sisteminha quase operacional era bem feinho e ultrapassado em recursos, como sempre, correndo atrás da genialidade alheia.
  2. As comparações com o OS X são inevitáveis, a menos que o espectador esteja dormindo acordado.


O menu principal e o dock possuem as mesmas funcionalidades que seus equivalentes do OS X e os recursos de drag'n'drog são inegavelmente os mesmos… isso ainda em 1992!

Quem não estiver acreditando em mim, veja nessa página a evolução do Finder do OS X, repare na diferença da versão do MacOS 9.0 (não OpenStep) para a versão do Mac OS X DP (compatível OpenStep) e repare na semelhança das versões para Mac OS X DP e DP2 com o File Viewer do OpenStep 4.2 (logo após o Midnite do Mac OS X Panther).

E quem já programou para OS X, deve ter reparado que a maioria das classes, funções, constantes e variáveis possuem NS no nome, como NSString, NSNumber, NSApp, NSLog, etc. O que você acha que significa N.S.?

Fica aqui então a dica e uma frustração pela Apple ter adquirido a NeXT em vez dela ter consigo se impor no mercado.

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Cacilhas, La Batalema

2008-11-22

Juiz acha normal fazer cópias de software

Baal Esta notícia é no mínimo curiosa:

Notícia no 5º Fórum Internacional de Software Livre

Notícia no InfoPlantão da Abril.com

Notícia no DreaMule News


Uma decisão da Justiça de Santa Catarina considerou normal uma empresa fazer cópias para uso interno de produtos da Microsoft.

O caso teve início quando a Microsoft moveu um processo contra a malharia Brandili por usar cópias de seus produtos sem possuir licenças para todos eles.

O caso foi avaliado pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina, que pediu uma perícia nos escritórios da malharia.


Em minha humilde opinião o juiz está em dissonância com a lei da Informática – pelo menos com a 9.609/98, com essa nova que saiu neste ano eu não sei.

Se a empresa quer usar múltiplas cópias de um software, que adquira um software cuja licença permita tal uso.

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Cacilhas, La Batalema

2008-11-20

Sociedade

lâmpada Semana retrasada invadiram minha casa e roubaram dinheiro e alguns celulares velhos.

Um monte de indivíduos conhecidos de vida suspeita vieram aqui em casa para dizer para minha esposa que não foram eles, sempre em horários que nem eu, nem meu cunhado estavam em casa.

Tive até de cercar um na rua à noite e ameaçá-lo para não voltar mais aqui em casa, pois estava vindo muito e fazendo ameaças em meias palavras.

Depois tentaram entrar na casa de minha irmã aqui do lado, mas como eu estava em casa, frustrei a tentativa.

Mais ou menos uma semana depois, numa tentativa de assalto, os assaltantes assassinaram a esposa de um de meus amigos mais queridos na presença do filho pequeno.

Até agora não sei o que falar para ele… simplesmente não tenho uma palavra útil.

Minha esposa ficou paranoica e me acorda à noite por qualquer som que escute.

Que porra de sociedade é essa?

Hoje em dia as pessoas valem o que têm e quem tem menos sente inveja e raiva de quem tem mais, mesmo que o «mais» seja um trocado; todo mundo se acha merecedor dos bens alheios e algumas pessoas perderam a percepção do valor da vida e da falta de valor de toda essa merda.

Isso não tem a ver com o governo atual, mas com a sociedade capitalista – Capitalismo ≡ prioridade no capital / dinheiro, ou, o dinheiro vale mais do que a sociedade.

Não sei se vale a pena dizer alguma coisa aqui. Quem tem ouvido para ouvir também já está revoltado e as outras pessoas querem apenas enfiar a cabeça na areia e fingir que está tudo bem.

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Cacilhas, La Batalema

2008-11-16

Meia Amazônia não

lâmpada Isso me foi enviado por email e achei importante divulgar:

O Projeto de Lei 6424/05 (apelidado de «Floresta Zero») quer modificar o atual Código Florestal para pior, reduzindo de 80% para 50% a área com vegetação original que deve ser conservada.

[update 2008-11-18]
Segue o texto do projeto em PL-6424/2005:

                               Altera a Lei nº 4.771, de 15 de setembro de
1965, que institui o novo Código Florestal,
para permitir a reposição florestal e a
recomposição da reserva legal mediante o
plantio de palmáceas em áreas alteradas.
O Congresso Nacional decreta:
Art. 1º O art. 19 da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, passa a vigorar
com a seguinte redação:
"Art. 19. ...........................................................
Parágrafo único. No caso de reposição florestal, deverão ser
priorizados projetos que contemplem a utilização de espécies nativas
ou outras espécies, ou o plantio de palmáceas, nativas ou exóticas,
destinadas à exploração econômica, atendido o zoneamento
econômico e ecológico do Estado e os critérios estabelecidos pelo
órgão ambiental competente." (NR)
Art. 2º O art. 44 da Lei nº 4.771, de 1965, com a redação dada pela Medida
Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001, passa a vigorar com a
seguinte redação:
"Art. 44. ..........................................................
...................................................................
IV ­ recompor a reserva legal de sua propriedade mediante o
plantio, a cada 3 (três) anos, de no mínimo 20% (vinte por cento) da
área total necessária à sua complementação, com a utilização de
espécies nativas ou outras espécies, ou o plantio de palmáceas, nativas
ou exóticas, destinadas à exploração econômica, de acordo com
critérios estabelecidos pelo órgão ambiental competente.
..................................................................
§ 7º Na hipótese do inciso IV, o órgão ambiental estadual
competente deve apoiar tecnicamente a pequena propriedade ou posse
rural familiar." (NR)
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Senado Federal, em de dezembro de 2005.
Senador Renan Calheiros
Presidente do Senado Federal

[/update]

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Cacilhas, La Batalema

2008-11-12

Perda de diversidade e cultura

Smalltalk Muitas vezes vejo comunidades, em especial de Java e Ruby, gabarem-se devido a seu crescimento em detrimento de outras comunidades.

Mas o que essa gente não percebe e o que eu gostaria que você, leitor, percebesse com este artigo, é que se quanto mais pessoas usam uma determinada linguagem, tanto menos usam outras, isso significa que todos perdemos, pois programação é cultura.

Gostaria de citar uma mensagem do Osvaldo na lista de discussão do Python Brasil.

Ele comenta que o pessoal da DirecTV tem consciência de que com Smalltalk o desenvolvimento é muito mais rápido do que com Java e admitem que a migração para Java se deu em função da falta de profissionais no mercado.

Isso porque somos maria-vai-com-as-outras. Se todo mundo está programando em Java, ninguém quer aprender outra linguagem.

Se pelo menos uma pequena percentagem dos profissionais fosse mais curiosa do que gananciosa e preguiçosa, a DirecTV ainda seria um bom lugar para se trabalhar com Smalltalk – e eles ainda continuariam se beneficiando com as vantagens que Smalltalk tem sobre Java.

No entanto, perde-se mercado, perde-se oportunidade e perde-se cultura.

Parabéns então a todos que lutam por uma só linguagem de programação, um só sistema operacional, ou uma só qualquer coisa. Vocês estão conseguindo destruir sua cultura, tornando o mundo um lugar mais pobre.

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Cacilhas, La Batalema

2008-11-09

A Maior Fraude da História – parte 6 de 6

FED: a Criatura da Ilha Jekyll


Jekyll & Hyde
G. Edward Griffin, com base em seu livro «The Creature from Jekyll Island – A New Look on the Federal Reserve»

*Transcrição de uma palestra proferida por G. Edward Griffin, com base em seu livro The Creature from Jekyll Island - A New Look on the Federal Reserve.

Quem cria o dinheiro? De onde ele vem e para aonde vai? Os segredos dos magos do dinheiro são revelados. Examine de perto os espelhos, as máquinas de fumaça, as roldanas, rodas dentadas e polias que criam a grande ilusão chamada dinheiro. Longe de ser uma leitura árida e maçante, este artigo o deixará fascinado logo nas primeiras páginas. Parece uma história de detetive, mas é tudo verdade. A criação do Sistema da Reserva Federal, uma parceria entre o governo americano e um cartel de grandes bancos internacionais, é uma das maiores fraudes da história. Está tudo explicado aqui: a causa das guerras, dos ciclos de expansão e crises, inflação, depressão e prosperidade. Griffin expõe o problema do dinheiro fajuto, criado a partir do nada, por um passe de mágica, que ele chama de «Mecanismo Mandrake». Após ler este artigo, sua visão do mundo mudará definitivamente; você também nunca mais confiará nos políticos e nos banqueiros.

LEIA O TEXTO COMPLETO NO ENDEREÇO ABAIXO:

http://www.espada.eti.br/fed.asp


Observação: lamento não ter reproduzido o texto aqui, mas ele é bem grande e já está está bastante organizado em seu original. Como eu citaria a fonte de qualquer forma, convido a todos a ler o texto em sua origem.

2008-11-06

A Maior Fraude da História – parte 5 de 6

A verdade sobre os Bancos Centrais


O poder dos 'moneychangers' e a crise econômica mundial de 2008


Jesus expels the money changers
Deixe-me emitir e controlar o dinheiro de uma nação e não me importarei com quem redige as leis.
Mayer Amschel [Bauer] Rothschild

Todo aquele que controla o volume de dinheiro de qualquer país é o senhor absoluto de toda a indústria e o comércio e quando percebemos que a totalidade do sistema é facilmente controlada, de uma forma ou de outra, por um punhado de gente poderosa no topo, não precisaremos que nos expliquem como se originam os períodos de inflação e depressão.
Declaração do pres. americano James Garfield, 1881


Por Nehemias Gueiros, Jr. *

Poucas semanas após proferir estas palavras (da segunda citação), dirigidas aos moneychangers, o presidente Garfield foi assassinado. E não foi o único presidente norte-americano morto por eles, como veremos adiante.

Para podermos entender melhor quem são os moneychangers (ou argentários), é necessário retornar no tempo até cerca de 200 A.C., quando pela primeira vez tem-se registro da «usura» (entre as várias definições do Aurélio para usura encontramos «juro exorbitante, exagerado, lucro exagerado, mesquinharia»).

Dois imperadores romanos foram assassinados por terem pretendido implantar leis de reforma limitando a propriedade privada de terras ao máximo de 500 acres e liberando a cunhagem de moedas, que era feita pelos especuladores. Em 48 A.C., Júlio César recuperou o poder de emitir moeda, tornando-o disponível para qualquer um que possuísse ouro ou prata. Também acabou assassinado. Em seguida, as pessoas comuns perderam suas casas e seus bens, da mesma forma como temos assistido acontecer na crise estadunidense das hipotecas sub-prime.

Na época de Jesus, há dois mil anos, o Sanhedrin (a Suprema Corte da antiga Israel) controlava o povo através da cobrança de taxas representadas pelo pagamento de meio shekel. Vários historiadores estimam que os cofres dessa corte continham o equivalente a vários milhões de dólares em dinheiro de hoje. O povo judeu, totalmente oprimido e controlado pelo Sanhedrin, vivia escravizado pelos dogmas da religião imposta por esses líderes.

Como todos sabemos, Jesus foi o primeiro a ousar desafiar esse poder e expor a conduta sacrílega de Israel e também acabou morto na cruz.

Nos séculos seguintes, os moneychangers continuaram a expandir a arte da usura em todos os segmentos da vida, criando expansões e contrações financeiras, de geração em geração, enfrentando monarcas e líderes políticos que queriam erradicá-la. Sempre em vão. A cada bem-sucedida (e rara) tentativa de eliminá-la, a usura voltava com mais força ainda, respaldada pela ganância e o poder dos fortes e ricos contra os fracos e pobres.

Na Idade Média, o Vaticano proibiu a cobrança de juros sobre os empréstimos, com base nos ensinamentos e na doutrina eclesiástica de Aristóteles e São Tomás de Aquino. Afirmou que «o propósito do dinheiro é servir à sociedade e facilitar a troca de bens necessária à condução da vida». De nada adiantou, eis que a própria Igreja conspirava com o Estado para acumular dinheiro e poder através dos séculos e controlar os oprimidos com os «castigos» e as «bênçãos» do Todo-Poderoso. Os argentários usavam os juros para praticar a usura, que hoje é consagrada por lei através da prática bancária. Já naquela época, vários religiosos e teólogos condenavam a escravização econômica resultante da usura, mas como podemos observar a situação mudou muito pouco nos últimos 500 anos.

Na medida em que a usura foi se instalando em todas as camadas sociais, os moneychangers foram ficando cada vez mais ousados em suas manipulações financeiras e foi assim que surgiu o famigerado conceito do fractional reserve lending, ou «empréstimo baseado em reserva fracional» ou «empréstimo sem cobertura ou lastro».

Embora de enunciado complexo, a prática é muito simples.

Significa emprestar mais dinheiro do que se tem em caixa e transformou-se na maior fraude de todos os tempos, principal responsável pela vasta pobreza que assola o mundo até hoje e pela redução sistemática do valor do dinheiro. A descrição dos economistas sobre os chamados «ciclos econômicos», nada mais é do que a identificação dos períodos de expansão e retração determinados pelos bancos em todo o mundo, através do fractional reserve lending.

Eles simplesmente adotaram as regras do passado e continuaram a praticá-las até hoje.

A prática do «empréstimo sem lastro» continuou se expandindo antes mesmo do surgimento dos bancos, alimentada pelos ourives e mercadores de ouro e prata, que guardavam os metais nobres da população em custódia para não serem roubados. Logo esses negociantes – na realidade meros agiotas – perceberam que a maioria das pessoas morria ainda relativamente jovem e ninguém voltava para buscar seus bens, legando-os à herança familiar.

Foi quando começaram a emprestar dinheiro a juros, geralmente em quantias muito superiores ao ouro e prata que possuíam guardados em custódia. O recibo da custódia foi provavelmente o primeiro embrião do dinheiro de papel que temos hoje, pois com ele, a pessoa podia adquirir mercadorias e bens no grande mercado. Com a contínua expansão desse negócio ilícito e usurário, logo os moneychangers puderam abrir lojas específicas para empréstimos, advindo daí a origem dos bancos modernos.

O primeiro banco central de um país a praticar o fractional reserve lending, ou FRL foi o Bank of England (Banco da Inglaterra), constituído em 1694 e de natureza privada. Era controlado por acionistas fraudulentos e mal-intencionados que utilizaram o mote «people's bank» (banco do povo), para praticar toda a sorte de fraudes visando unicamente o lucro.

As dívidas com o Banco da Inglaterra de centenas de gerações posteriores, representadas ou pela própria monarquia inglesa ou pelo governo, foram asseguradas através da criação de taxas impostas à população, que viriam a se transformar no Imposto de Renda como hoje o conhecemos.

O modelo do Banco da Inglaterra rapidamente se transformou no modelo para os bancos centrais de todos os países no mundo atual. Os agiotas descobriram que é muito mais lucrativo emprestar para monarcas e governos do que para cidadãos comuns. Através da dívida, tornavam-se literalmente credores e soberanos de nações inteiras.

Em suma: os argentários colocavam um banco privado a cargo de todas as finanças e operações econômicas de um país, o que equivale a entregar a nação a uma organização mafiosa que controla a economia com a finalidade de lucro e assim mantém a população totalmente refém de suas políticas financeiras.

No início do século XVIII, cerca de 50 anos depois que o Banco da Inglaterra já estava operando, um alemão chamado Amshel Moses Bauer (1), ourives e agiota que vivia em Frankfurt, na Alemanha, começou um negócio a que denominou de Rothschild, pois a insígnia na porta da loja era uma águia romana sobre um escudo vermelho. Rothschild significa «escudo vermelho» em alemão. O negócio prosperou e em 1743 ele mudou seu próprio nome para Amshel Moses Rothschild. Ele tinha cinco filhos e, ao atingirem a maioridade, ele enviou cada um a uma capital comercial da Europa para emprestar dinheiro a juros, principalmente às monarquias e reinos. O mais velho, Amshel, ficou em Frankfurt; Solomon foi para Viena; Nathan para Londres, Jacob para Paris e Carl para Nápoles.

Assim foram plantadas as sementes que permitiram à mais poderosa e rica família da história do mundo reinar nos séculos seguintes da evolução da humanidade, com o único propósito de lucro e poder, seja qual fosse o custo. Gerações seguidas dos Rothschild e seus correligionários exercem – e continuam exercendo – poder sobre a sociedade mundial, utilizando-se da antiga prática da usura e do fractional reserve lending.

Já donos de uma fortuna incalculável obtida com os empréstimos a todos os países europeus, os Rothschild se envolveram vigorosamente nos financiamentos ao governo inglês para as colônias da América, acabando por indiretamente causar a independência americana quando restringiram o crédito e aumentaram salgadamente as taxas cobradas aos pilgrims. Mesmo após a independência, logo implantaram o modelo de banco central no Novo Continente, para expandir ainda mais os seus lucros.

Durante a primeira metade do século XIX nos Estados Unidos, pelo menos três vezes os opositores do sistema agiotário lograram êxito em fechar o banco, entre eles os presidentes James Madison e Andrew Jackson, mas ele sempre ressurgia.

Foi durante a Guerra Civil americana que os conspiradores lançaram o seu mais bem-sucedido esforço nesse sentido.

Judah Benjamin, principal assessor de Jefferson Davis (na época presidente dos Estados Confederados da América), era um agente dos Rothschild. A família plantou assessores no gabinete do presidente Abraham Lincoln e tentou vender-lhe a idéia de negociar com a Casa de Rothschild. Lincoln desconfiou de suas intenções e rejeitou a oferta, tornando-se inimigo figadal da família e acabou assassinado a tiros num teatro. Investigações sobre o crime revelaram que o assassino era membro de uma sociedade secreta cujo nome jamais foi revelado pois vários altos funcionários do governo americano eram membros.

O fim da guerra civil abortou temporariamente as chances dos Rothschild de colocarem as mãos no sistema monetário dos Estados Unidos, como já faziam com a Inglaterra e todos os países da Europa. Mas apenas temporariamente.

Anos depois, um jovem imigrante, Jacob H. Schiff, chegou a Nova Iorque. Nascido em uma das casas dos Rothschild em Frankfurt, ele chegou à América com um objetivo definido: comprar ações de um grande banco para gradualmente adquirir o controle sobre o sistema financeiro americano. Schiff comprou quotas de participação numa empresa chamada Kuhn & Loeb, uma famosa casa privada de financiamentos. Entretanto, para cumprir sua missão, ele precisaria obter a cooperação de «peixes grandes» do segmento bancário norte-americano. Tarefa difícil para o humilde jovem alemão oriundo dos subúrbios de Frankfurt.

Mas Schiff tinha trunfos: ele era enviado dos Rothschild e ofereceu ações européias de alto valor para distribuição no mercado americano.

Foi no período pós-guerra civil que a indústria americana efetivamente começou a florescer para se transformar no colosso da atualidade. Com a decretação da paz e a expansão para o Oeste, havia estradas-de-ferro para construir, ligando as duas costas continentais do país, além da nascente prospecção petrolífera, das siderúrgicas e das empresas têxteis, para citar apenas algumas. Tudo requeria financiamento e não havia dinheiro suficiente no jovem país do Norte. A Casa de Rothschild ponteava no cenário europeu e tinha recursos abundantes, resultado da vigorosa especulação financeira empreendida em todos os centros comerciais da Europa nos 150 anos anteriores, emprestando dinheiro a monarcas, governos e parlamentares.

O jovem Schiff rapidamente se tornou padrinho de homens como John D. Rockefeller, Andrew Carnegie e Edward Harriman.

Com o dinheiro dos Rothschild, ele financiou a Standard Oil Company (hoje a poderosa ESSO, acrônimo das duas letras que formavam a abreviação da empresa em inglês: S.O. – leia-se ESS-O), as ferrovias Union Pacific Railroad e Southern Pacific Railroad e o império do aço de Carnegie, com sua Carnegie Steel Company, que consagrou a cidade de Pittsburgh, no estado americano da Pennsylvania como a capital mundial do aço.

Foi apenas uma questão de tempo para Jacob Schiff deter o controle da comunidade bancária de Wall Street, em Nova Iorque, que já incluía os Lehman Brothers (2), Goldman-Sachs e outros grupos internacionais até hoje atuantes no mercado financeiro, todos eles desde aquela época controlados pelos Rothschild.

É possível resumir a situação de forma bem simples: Schiff era o «chefe» do mercado financeiro de Nova Iorque e controlava o dinheiro dos Estados Unidos. Assim foi preparado o bote sobre o sistema financeiro americano. Com seus cinco filhos firmemente encastelados em todos os centros financeiros da Europa, a família Rothschild logo ascendeu à posição de mais rica família do planeta. Esta situação persiste até hoje, embora eles professem uma postura de discrição, avessa à mídia e à divulgação. Nenhuma família ou grupo empresarial possui tanto poder e controle financeiro em todos os países do mundo como os Rothschild. E isto há 250 anos.

Sua fabulosa fortuna foi conseguida através da prática do fractional reserve lending (rememorando: empréstimo sem lastro!), que consistia em multiplicar o dinheiro a partir das vastas somas de dinheiro depositadas pelas pessoas em suas casas de custódia (brokerage and escrow houses) espalhadas pela Europa através do empréstimo de dinheiro de papel a monarcas e governos. Uma de suas práticas mais determinadas era a de financiar os dois lados de uma guerra, garantindo assim, no mínimo, a duplicação de seus lucros com os juros cobrados, vencesse quem vencesse (3).

Os moneychangers não se aliavam a determinado partido ou tendência política; para eles só existia a finalidade do lucro. Em algum tempo, a família Rothschild tomou conta de todos os bancos centrais do mundo – voltados unicamente para o lucro e não para a administração da economia dos seus respectivos países – e, com a inteligente operação de sua inesgotável fortuna, tornaram-se agentes determinantes na criação dos Estados Unidos da América, que viria a se tornar o país mais rico e poderoso do mundo.

Não se trata de mera coincidência, pois foi a opressão inglesa sobre o Novo Mundo com a cobrança de taxas pelo Banco da Inglaterra que acabou por desencadear a revolução que criou os EUA.

Benjamim Franklin, inventor, cientista, político e diplomata do século XVIII, artífice da aliança com a França que auxiliou a independência americana, afirmou o seguinte ao Banco da Inglaterra, que tencionava financiar a nova república americana através da estratégia da usura (fractional reserve lending): «É muito simples. Aqui nas colônias nós emitimos nossa própria moeda, que se chama Colonial Script (4). Emitimo-la na exata proporção das necessidades do comércio e da indústria, para tornar os produtos mais móveis entre os produtores e os consumidores. Desta forma, criando nosso próprio dinheiro de papel, controlamos o seu poder de compra e não precisamos pagar juros a ninguém».

O controle do sistema monetário dos EUA está totalmente investido no Congresso Americano, eis porque Jacob Schiff seduziu os parlamentares a elaborar a Carta Magna estadunidense e passar seu controle aos moneychangers.

Para que essa transição fosse integralmente bem-sucedida e a população do país não pudesse fazer nada a respeito, seria necessário que o congresso americano promulgasse uma peça de lei específica. Como conseguir isso? Através de um presidente sem moral e sem escrúpulos, que assinasse o projeto de lei.

Nos quase 200 anos que se passaram entre a independência americana e a criação do Federal Reserve Bank (Banco Central dos Estados Unidos), popularmente conhecido como «FED», várias vezes a família Rothschild tentou controlar a emissão de moeda nos EUA. Em cada tentativa, eles procuraram estabelecer um banco central privado, operando apenas com a finalidade de lucro e não para administrar ou proteger a economia americana.

Cada uma dessas tentativas até 1913 recebeu firme oposição de políticos decentes e honestos, a maioria dos quais acabou assassinada por encomenda dos moneychangers.

O FED começou a operar com cerca de 300 pessoas e outros bancos que adquiriram quotas de 100 dólares (a empresa é fechada, não negocia ações em bolsa) e se tornaram proprietários do Federal Reserve System. Criaram uma mastodôntica estrutura financeira internacional com ativos incalculáveis, na casa dos trilhões de dólares.

O sistema FED arrecada bilhões de dólares em juros anualmente e distribui os lucros aos seus acionistas. Some-se a isso o fato de que o congresso americano concedeu ao FED o direito de emitir moeda através do Tesouro Americano (Dept. of the Treasury) sem cobrança de juros. O FED imprime dinheiro sem lastro, sem qualquer cobertura, e empresta-o a todas as pessoas através da rede de bancos afiliados, cobrando juros por isso. A instituição também compra dívidas governamentais com dinheiro impresso sem lastro e cobra juros ao governo americano que acabam incidindo sobre as contas do cidadão comum pagador de impostos.

O Federal Reserve Bank (Banco Central Americano) é, na realidade, a ponta-líder de um conglomerado de bancos internacionais e pessoas físicas unicamente dedicados a perseguir o lucro, todos a seguir identificados, o que constituiu a revelação de um dos maiores segredos dos últimos 100 anos:
  • Rothschild Bank of London
  • Warburg Bank of Hamburg
  • Rothschild Bank of Berlin
  • Lehman Brothers of New York *
  • Lazard Brothers of Paris
  • Kuhn Loeb Bank of New York
  • Israel Moses Seif Banks of Italy
  • Goldman Sachs of New York
  • Warburg Bank of Amsterdam
  • Chase Manhattan Bank of New York
  • First National Bank of New York
  • James Stillman
  • National City Bank of New York
  • Mary W. Harnman
  • National Bank of Commerce, New York
  • A.D. Jiullard
  • Hanover National Bank, New York
  • Jacob Schiff
  • Chase National Bank, New York
  • Thomas F. Ryan
  • Paul Warburg
  • William Rockefeller
  • Levi P. Morton
  • M.T. Pyne
  • George F. Baker
  • Percy Pyne
  • Mrs. G.F. St. George
  • J.W. Sterling
  • Katherine St. George
  • H.P. Davidson
  • J.P. Morgan (Equitable Life/Mutual Life)
  • Edith Brevour
  • T. Baker

* A empresa Lehman Brothers foi uma das primeiras grandes a quebrar na atual crise financeira.

Veio o século XX e os moneychangers, sempre representados pelos Rothschilds e seus áulicos, já estavam firmemente estabelecidos com seus bancos centrais e sua prática do fractional reserve lending (empréstimo sem lastro) em todas as grandes capitais européias.

Era a hora de devotar atenção total aos Estados Unidos da América, a nova nação emergente do mundo. Ainda não existia um banco central americano, pois as várias tentativas de estabelecê-lo ao longo do século XIX foram infrutíferas.

Finalmente, em 23.12.1913, durante um recesso de Natal do congresso em que apenas três senadores retornaram à capital, Washington, para votar, foi perpetrado um dos maiores atos de vilipêndio contra o povo americano de que se tem notícia.

Sob a presidência de Woodrow Wilson, um democrata que chegou ao cargo alardeando a bandeira de nunca permitir a criação de um banco central, foi promulgado o Federal Reserve Act (Ato da Reserva Federal), que instituiu um banco central privado, «disfarçado», não apenas para dominar a emissão de moeda mas também para cobrar juros sobre essa emissão. Nada mais do que a milenar prática da usura.

Uma verdadeira quadrilha estava em ação naquela época, dedicada a alimentar o sucesso da prática do empréstimo sem lastro, que incluía J.P. Morgan (John Pierpont Morgan) (5) e que serviria de fundamento para a passagem tranqüila da legislação que criou o Federal Reserve Bank, o banco central dos Estados Unidos. Todos foram escolhidos a dedo pelos Rothschild e preparados para esse desfecho em 1913.

Já famoso e muito rico, J.P. Morgan, que circulava com desenvoltura em todos os altos escalões do governo americano, começou a procurar um futuro presidente que apoiasse as idéias dos moneychangers de criar um banco central privado, com a finalidade primígena de lucro. Foi assim que conheceu Woodrow Wilson, então reitor da Universidade de Princeton, no estado de Nova Jérsei.

O Federal Reserve System foi o desdobramento direto dessa aproximação de Morgan com Woodrow Wilson, mesmo diante das várias e infrutíferas tentativas de criar um banco central nos EUA ao longo do século XIX e que resultaram em pelo menos dois presidentes assassinados por oporem-se a essa idéia.

O simples apoio de Wilson às idéias dos moneychangers constituiu um ato de alta traição. Um dos comentários públicos de Wilson sobre o assunto teria sido o seguinte: «Todos os nossos problemas econômicos seriam solucionados se apontássemos um comitê de seis ou sete figuras públicas e homens espirituosos como J.P. Morgan para cuidar dos assuntos de nosso país». Essa assertiva confirmou as circunstâncias da verdadeira usurpação que os moneychangers estavam prestes a praticar para adquirir o controle fiscal e monetário dos Estados Unidos.

O deputado republicano Charles A. Lindbergh, do estado de Minnesota, declarou: «Aqueles que não simpatizam com o poder financeiro dessa turma serão banidos dos negócios e a população será atemorizada com as mudanças nas leis bancárias e monetárias».

Os inocentes cidadãos americanos foram mais uma vez tragados para a noção da criação de um banco central e a conseqüente escravização econômica.

O senador Nelson Aldrich, de Rhode Island, se tornou o líder da National Monetary Commission, composta de moneychangers fiéis a J.P. Morgan. A finalidade desta comissão era estudar e recomendar ao congresso americano mudanças no sistema bancário do país para eliminar quaisquer problemas que surgissem da oposição à intenção primordial de lucro financeiro.

O senador Aldrich era o porta-voz das mais abastadas famílias da América, estabelecidas na costa leste. Sua filha casou-se com John D. Rockefeller Junior e deles nasceram cinco filhos: John, Nelson (que se tornou vice-presidente em 1974), Lawrence, Winthrop e David, depois dono e chairman do Chase Manhattan Bank. Assim que a comissão foi instalada, o senador Aldrich embarcou num tour de dois anos pela Europa, para consultas com os bancos centrais do velho continente (Inglaterra, França e Alemanha). Somente a viagem custou aos cofres públicos americanos cerca de US$ 300 mil, uma soma fabulosa para aqueles tempos.

Logo após seu retorno em 1910, Aldrich reuniu-se com alguns dos mais ricos e poderosos homens americanos em seu vagão ferroviário privativo e todos partiram secretamente para uma ilha na costa do estado da Geórgia, Jekyll Island.

Junto com eles viajou um certo Paul Warburg, que recebia um salário de US$ 500 mil anuais pagos pela empresa Kuhn, Loeb & Co. para conseguir a aprovação da lei de criação do banco central americano e era sócio de ninguém menos do que o alemão Jacob Schiff, neto do homem que se associou à família Rothschild em Frankfurt. Na época, Schiff estava envolvido na derrubada do czar russo, empreitada que custou uns US$ 20 milhões e iniciou a revolução bolchevique que desaguaria na União Soviética.

Essas três famílias financeiras européias, os Rothschild, os Schiff e os Warburg estavam todas ligadas pelo matrimônio ao longo dos anos, assim como os Rockefeller, Morgan e Aldrich nos EUA. O segredo desta reunião insular na Geórgia foi tão grande que os participantes foram instruídos a usar somente seus primeiros nomes para evitar que serviçais e criados descobrissem suas verdadeiras identidades.

Anos depois, um dos participantes dessa secretíssima reunião, Frank Vanderlip, presidente do National City Bank of New York, representante e protegido da família Rockefeller, confirmou a realização do evento. Citado numa reportagem do jornal Saturday Evening Post de 09.02.1935 ele disse: «Eu me portei secretamente e furtivamente como qualquer conspirador. Nós sabíamos que se vazasse qualquer informação de que estávamos impondo ao congresso americano uma nova legislação bancária não teríamos a menor chance de sua aprovação».

A idéia principal da reunião em Jekyll Island era desdobrar a intenção principal de reintroduzir um banco central privado para controlar o dinheiro dos Estados Unidos. Não para o povo americano, mas para os moneychangers da Europa e de Nova Iorque. A atração do fractional reserve lending (empréstimo sem lastro) era simplesmente irresistível para os gananciosos argentários.

Essa conspiração dos banqueiros privados americanos para seqüestrar a economia americana se tornava cada vez mais importante diante da competição dos pequenos bancos estatais do país. Como o próprio senador Aldrich diria anos depois: «Antes da promulgação do Federal Reserve Act (em 1913) os banqueiros novaiorquinos dominavam apenas as reservas monetárias de Nova Iorque. Agora controlamos as reservas do país inteiro.» John Rockefeller disse a respeito: «A competição é um pecado, temos que demovê-lo».

O crescimento da economia americana prosperou e as grandes corporações do país começaram a se expandir a partir de seus fabulosos lucros. Como os moneychangers não possuíam voz ativa sobre essa expansão, que se processava em nível corporativo longe de seus tentáculos pois a indústria estava se tornando independente deles, algo tinha que ser feito para mudar a situação.

O nome do banco central americano consagrado naquela reunião secreta de Jekyll Island, na Geórgia, Federal Reserve Bank, foi escolhido para dar a impressão de que a instituição era pública, sem fins lucrativos e para administrar a economia americana em nome dos cidadãos contribuintes.

Ledo engano. O nome foi apenas uma cortina de fumaça para esconder a intenção monopolista e opositora à concorrência da nova instituição, que tinha a exclusividade de imprimir as cédulas do dinheiro americano, criando dinheiro do nada, sem qualquer tipo de lastro ou reservas e emprestando-o às pessoas sob juros.

Mas como é mesmo que o FED cria dinheiro do nada? Comecemos com os bonds, ou Letras do Tesouro. São promessas de pagamento (ou IOUs, no acrônimo em inglês, originado de I owe you, «eu devo a você»). As pessoas compram esses títulos para garantir uma taxa de juros segura no resgate futuro. Ao final do prazo do papel, o governo repaga o valor principal mais juros e o título é destruído. Atualmente existem cerca de US$ 5 trilhões desses papéis em poder do público.

Agora, eis os quatro passos adotados pelo banco central americano para criar dinheiro do nada:

O Federal Open Market Committee (Comitê Federal do Mercado Aberto) aprova a compra de letras do Tesouro Americano no mercado aberto. Esses títulos são comprados pelo banco central americano, o Federal Reserve Bank. O FED paga pelos títulos com créditos eletrônicos emitidos em favor do banco vendedor. Esses créditos não têm origem, não possuem qualquer lastro. O FED simplesmente os cria e os bancos utilizam esses depósitos como reservas. Como segundo a prática do fractional reserve banking (6), ou FRB, os bancos podem emprestar dez vezes mais do que o valor efetivo de suas reservas e sempre a juros, rapidamente eles conseguem produzir dinheiro do nada quando os tomadores começam a pagar os seus empréstimos. Que por sua vez surgiram do nada. O sistema FRB permite aos bancos não ter lastro em caixa equivalente aos depósitos dos clientes, vale dizer, se todos os correntistas resolvessem sacar o seu dinheiro o banco não teria como pagá-los, como aconteceu no crash da bolsa de Wall Street em 1929, do qual os moneychangers foram os únicos beneficiários e retomaram todas as propriedades e os bens do povo americano para revendê-los nos anos seguintes com grande lucro. O presente lembra alguma coisa?

Desta forma, se o FED adquirir, digamos, US$ 1 milhão em títulos, este valor se transformará automaticamente em US$ 10 milhões, do nada, sem qualquer lastro ou cobertura. O FED simplesmente aciona sua gráfica e «imprime» os outros US$ 9 milhões e começa a emprestar o dinheiro a juros no mercado, através da rede bancária comercial. Assim, o BC americano cria 10% do total desse dinheiro novo e os demais bancos criam os 90% restantes. Isto expande a quantidade de dinheiro em circulação e amplia o crédito e o consumo, levando as pessoas a comprarem mais e gastarem mais, inflando as estatísticas de crescimento nacional.

Mas a verdadeira intenção desta operação é mais sinistra. Pretende o controle absoluto sobre a economia. Para reduzir a quantidade de moeda circulante e provocar uma recessão, o processo é simplesmente revertido. O FED vende os títulos ao público e o dinheiro sai dos bancos dos adquirentes. Os empréstimos têm que ser reduzidos em dez vezes o valor da venda porque, como vimos, o FED criou US$ 9 milhões do nada.

Mas a dúvida persiste: como estas operações deliberadas de inflação e deflação beneficiaram os grandes banqueiros privados que se reuniram secretamente em Jekyll Island para planejar a monopolização do sistema monetário americano e dominar a emissão de moeda?

Simples. Modificou radicalmente a reforma bancária realmente necessária para criar um sistema de financiamento público livre de dívidas, como os greenbacks (7) do pres. Abraham Lincoln, representados por papel-moeda impresso e emitido pelo governo americano durante a Guerra Civil americana (1861-1865), um conflito entre os estados do norte contra os do sul.

Lincoln, tal como seus antecessores Jackson (8) e Madison (9), era radicalmente contra o estabelecimento de um banco central, pois já conhecia a estratégia dos moneychangers. Ele favorecia a emissão da moeda nacional diretamente pelo Tesouro, um departamento cuja função era exatamente essa, a de atuar como administrador da corrência do país. Quando o Tesouro emite moeda, cada dólar impresso vale exatamente isso: um dólar, pois nasce consagrado pela confiança da população e pela certeza de que o dinheiro está sendo emitido sem especulação, sem incidência de juros.

O dinheiro emitido pelo Federal Reserve, por outro lado, é exatamente o oposto. Traz embutidos juros e tem a intenção firme de lucrar ao ser «emprestado» ao governo, pois é isso o que o banco central faz: empresta dinheiro ao governo americano a juros.

Em outras palavras, a tão propalada missão de «guardião da moeda», e «banco do povo», conceitos consagrados lá atrás através da criação do Banco da Inglaterra, nada mais é do que lucrar a qualquer custo e ainda controlar a emissão de moeda de um país. A estrutura do banco central favorece a centralização da oferta de moeda nas mãos de algumas poucas pessoas, com pouquíssmo controle político exercido pelo governo estabelecido.

Desde a proclamação da independência americana que políticos sérios e comprometidos com o desenvolvimento e o bem-estar da população da América se insurgiram contra os moneychangers. Em carta dirigida ao secretário do Tesouro, Thomas Jefferson disse em 1802: «Acredito que as instituições bancárias são mais perigosas para as nossas liberdades do que exércitos armados. Se o povo americano autorizar bancos privados a controlar a emissão de sua moeda, primeiro através da inflação e depois pela deflação, os bancos e as grandes corporações que crescerão em volta deles gradualmente controlarão a vida econômica das pessoas, privando-as de todo o seu patrimônio até o dia em que seus filhos acordem sem-teto, no continente que seus pais e avós conquistaram». O que acontece agora não é exatamente isso?

Basta examinarmos o sistema de indicação política do presidente do FED, (atualmente Paul Bernanke). O chefe do FED é indicado pelo presidente da república mas tem mandato de 14 anos, separado da autoridade eleita pelo povo, muitas vezes perpetuando-se no cargo. Notórios presidentes do banco como Paul Volcker e Alan Greenspan constituem os verdadeiros «xerifes» da economia americana, e, por conseguinte, exercem influência planetária. São conhecidos no meio financista como «Oráculos».

A criação do Federal Reserve Bank em 1913, consolidou definitivamente o controle dos moneychangers sobre o sistema financeiro americano, impedindo o retorno de uma política monetária de financiamento público livre de dívidas como os greenbacks de Lincoln e permitindo aos banqueiros criar 90% do dinheiro dos Estados Unidos baseado apenas no conceito de fractional reserves (reservas fracionais, sem lastro que garantisse a totalidade dos recursos) e emprestá-lo a juros.

Menos de duas décadas após sua criação, a grande contração de crédito realizada pelo FED no início dos anos 30 do século XX causaria a Grande Depressão de 1929. A independência do Banco Central americano só aumentou desde então, através da promulgação de inúmeras novas leis.

A estratégia para enganar o público e fazê-lo pensar que o FED era controlado pelo governo foi a criação de uma junta governante (board of governors) apontada pelo presidente do país e aprovada pelo senado. Os banqueiros tinham apenas que garantir que seus correligionários fossem os escolhidos para a junta, o que não era difícil, já que os banqueiros tinham dinheiro e dinheiro e dinheiro para comprar a necessária influência política em qualquer lugar do mundo.

Logo após a reunião secreta de Jekyll Island, teve lugar uma verdadeira blitz de relações públicas. Os grandes banqueiros de Nova Iorque criaram um fundo educacional de US$ 5 milhões para financiar professores em universidades americanas importantes, em troca de apoio ao novo banco central. O primeiro a ser cooptado foi justamente Woodrow Wilson, de Princeton, que viria a ser tornar presidente dos EUA.

Uma das primeiras ações legislativas dos moneychangers com o novo FED foi uma lei conhecida como Aldrich Bill («lei Aldrich») que logo foi apelidada pelo público como Banker's Bill, pois beneficiava apenas as grandes instituições financeiras.

O congressista Lindbergh, pai do famoso aviador Charles Lindbergh que pela primeira vez cruzou o Atlântico sem escalas em 1927 voando num monomotor, disse: «O plano de Aldrich é o plano de Wall Street. Significa novo pânico financeiro, se necessário, para intimidar a população. O político Aldrich, pago pelo governo americano para representar o povo no congresso, em vez disso, está propondo um plano para o grande capital».

A lei não foi aprovada. Os moneychangers então, através dos banqueiros novaiorquinos, financiaram Woodrow Wilson como o candidato democrata à presidência dos EUA. Coube ao filantropo e financista Bernard Baruch a tarefa de «doutrinar» Wilson nesse sentido, em 1912.

Tudo estava pronto para o ataque final dos moneychangers europeus ao sistema financeiro do Novo Mundo. Essa luta já vinha desde os tempos da presidência de Andrew Jackson, ferrenho opositor da idéia de um banco central privado. Mas a capacidade de manobra do dinheiro logo se revelaria determinante, quando William Jennings Bryan, assessor de Jackson e vigoroso obstáculo entre os moneychangers e seu objetivo, sem saber da doutrinação empreendida por Baruch, apoiou a candidatura democrata de Wilson. Logo seriam traídos.

Durante a campanha presidencial, os democratas tiveram o cuidado de «fingir» que oposicionavam a lei Aldrich. Vinte anos depois, o congressista Louis McFadden, democrata da Pennsylvania, diria: «A lei Aldrich foi abandonada no nascedouro quando Woodrow Wilson foi nomeado candidato à presidência americana». Os líderes democratas prometeram à população que se fossem guindados ao poder não estabeleceriam um banco central para controlar as finanças da nação. Treze meses depois esta promessa foi quebrada e a nova administração do presidente eleito Wilson, sob a égide das sinistras figuras de Wall Street, estabeleceu a monárquica instituição do «banco do rei», nos mesmos moldes do Banco da Inglaterra, para controlar integralmente o sistema monetário dos Estados Unidos da América.

Após a eleição de Wilson, os magnatas J.P. Morgan, Warburg e Baruch apresentaram um novo projeto de lei, que Warburg denominou de Federal Reserve System. O partido democrata ovacionou o projeto, apontando-o como radicalmente diferente da lei Aldrich. Na realidade, a lei era praticamente idêntica em quase todos os seus aspectos.

E foi assim que, no dia 22 de dezembro de 1913, às 11h da manhã, com um quorum ínfimo de apenas três senadores e apoiada pelo próprio presidente Woodrow Wilson, o Federal Reserve Act foi aprovado sem dissidências. Naquele mesmo dia, o congressista Lindbergh alertara: «Essa lei estabelece um mastodôntico feudo monetário (money trust) na Terra. Quando o presidente assiná-la, um governo invisível representado pelo poder monetário será legalizado em nosso país. As pessoas podem não perceber imediatamente, mas a verdade virá à tona no futuro. O pior crime legislativo da História está sendo perpetrado por essa lei dos banqueiros».

Esse verdadeiro ato de ganância e traição ao povo americano foi o resultado de uma longa batalha entre os moneychangers da Europa e os políticos americanos honestos. O sistema de fractional reserve lending (empréstimo sem lastro) seria para sempre o desejo dos mercadores, agiotas e usurários e efetivamente nunca mudou desde o início do Renascimento quando começou a ser praticado.

Outro ingrediente fundamental dessa equação era a taxação do povo e que foi consagrada na nova lei. A constituição americana, tal como foi redigida, não apenas precluía o governo de editar quaisquer leis (essa prerrogativa cabia somente ao congresso) como também vetava a imposição de quaisquer taxas sobre a população. Apenas os estados podiam criar taxas e emolumentos, como fora o desejo dos founding fathers.

A curiosa coincidência é que apenas semanas antes da promulgação do Federal Reserve Act, o congresso havia aprovado uma lei criando o imposto de renda. Até hoje historiadores e estudiosos têm dúvidas se esta lei foi adequadamente ratificada antes de entrar em vigor.

O modelo de banco central criado pelos moneychangers nos Estados Unidos, com fundamento no pioneiro Bank of England, ganharia o mundo no século XX e hoje todos os países do planeta possuem um banco central igual ou similar, baseado num sistema de impostos como garantia do dinheiro que emprestam, a juros, aos governos de seus próprios países, literalmente mantendo esses governos e a população reféns de suas gananciosas políticas monetárias, expandindo e contraindo o crédito como melhor lhes apraz. O líder inconteste dessa atividade é o FED americano, que «dita as regras» para seus congêneres em redor do mundo, mas o mecanismo é exatamente esse.

Como o FED é um banco privado, sua intenção primordial é criar grandes dívidas junto ao governo e aplicar juros sobre elas e, como garantia de pagamento, precisa de um sistema de impostos à prova de erros!

Desde os primórdios das atividades da família Rothschild na Europa que os moneychangers sabiam que a única garantia real de recuperar os seus empréstimos a reis, monarcas e governos era o direito do devedor de taxar a população.

Em 1895 a Suprema Corte americana considerou inconstitucional uma forma similar de taxação do público. Mais uma vez o senador Aldrich veio em socorro dos moneychangers e empreendeu vigoroso lobby no congresso para provar que a nova taxação era necessária. E sucedeu. Seus colegas congressistas acederam, sem se dar conta de que haviam votado o «elo perdido» do tabuleiro de xadrez dos moneychangers em sua jornada para dominar os Estados Unidos da América no século seguinte, bem como o resto do mundo com seu conceito de «bancos centrais independentes».

Em outubro de 1913 o senador Aldrich apresentou novo projeto de lei fiscal no congresso, dando ao governo federal o direito de cobrar impostos, o que era apenas permitido aos estados da união. Para os moneychangers era essencial que o governo federal pudesse taxar a população, sob pena de não conseguirem dar seguimento à estratégia de criação de dívidas crescentes com aplicação de juros. Essa estratégia foi repetida em todos os países do mundo durante o século XX até que todos se tornassem devedores de seus bancos centrais e garantissem os empréstimos através da cobrança de impostos ao público.

Revendo a história do século XX e a dos Estados Unidos em particular, podemos observar claramente como a sombra gananciosa e sinistra dos poderosos moneychangers manipula a agenda planetária até hoje. A prática de financiar os dois lados de um conflito, por exemplo, tornou-se uma de suas atividades regulares, opondo o capitalismo ao comunismo e este ao socialismo, religiões contra religiões e raças contra raças.

Durante todo o século passado, e até este momento, os moneychangers, que não têm país, bandeira, hino ou deus, tiveram o controle em suas mãos.

Eles financiavam um dos lados até que estivesse suficientemente forte e pronto para uma guerra, depois financiavam o lado oposto e deixavam ambos se destruírem até ficarem sem recursos. A solução para ambos os oponentes saírem do fundo do poço em que se haviam atirado era criar mais e mais impostos para satisfazer a ganância e a usura dos argentários (10).

Não é difícil pintar o quadro real desta fraude. O risco que os moneychangers corriam era mínimo, pois os empréstimos que faziam eram apenas constituídos de cédulas de papel criadas do nada, através do sistema do fractional reserve lending (empréstimo sem lastro). A prática se tornou até mais fácil com o advento dos computadores, que simplesmente adicionaram mais zeros às operações. Os cidadãos dos países devedores eram a garantia dos empréstimos enquanto continuavam a pagar seus impostos e estavam submetidos às diretrizes de seus governos estabelecidos.

Foi assim que os moneychangers europeus ganharam controle sobre as inocentes massas da civilização do planeta e continuam a detê-lo na atualidade.

Para termos uma idéia da ativa participação dos moneychangers na Primeira Grande Guerra (1914-1918) é preciso entender que o conflito era essencialmente entre a Rússia e a Alemanha. A França e a Inglaterra foram partícipes involuntários. Entretanto, ambos os países tinham membros da família Rothschild no controle de seus bancos centrais, mantendo-os reféns econômicos juntamente com suas colônias ultramarinas. Os moneychangers insuflaram a guerra sob o pretexto da defesa nacional, financiando todos os lados envolvidos até a exaustão física e material. Depois de quatro anos de derramamento de sangue, os argentários reuniram-se com todos os envolvidos e desenvolveram um sistema de taxação para pagar as dívidas de guerra, que acabaria por desencadear o surgimento do nazismo e a eclosão da II Guerra Mundial, que funcionou da mesma forma.

A grande restrição creditícia imposta pelo FED no início dos anos 30 causou a quebra da bolsa novaiorquina de 1929, com impacto em todo o mundo. O presidente Roosevelt acabou por falir a economia americana ao ceder a todos os mandamentos dos moneychangers, inclusive confiscando todo o ouro em poder do público e aplicando severas sanções a quem não o entregasse. Foi assim que surgiu Fort Knox, um dos grandes embustes americanos, famoso na literatura e no cinema por guardar uma imensa fortuna em barras de ouro, mas, que, na realidade, nunca foi auditado desde sua criação há mais de seis décadas e suspeita-se que tenha pouco ou nenhum ouro guardado atualmente, que teria sido enviado aos bancos europeus como garantia de empréstimos feitos pelos argentários ao governo dos EUA.

Dez anos depois do crash, em 1939, todos os players de um lado e de outro do Atlântico estavam tão depauperados que uma nova guerra tornou-se iminente. Os moneychangers, principalmente através do FED americano, financiaram todos os lados e aguardaram a eclosão do conflito. Até os nazistas receberam dinheiro deles.

O projeto Manhattan, que deu aos Estados Unidos a bomba atômica, foi o coup de gras dos especuladores, viabilizando a emergência dos americanos como primeira potência mundial, mas também criou as condições essenciais para a Guerra Fria entre os americanos e a União Soviética, mais um projeto de alta lucratividade para os moneychangers nas décadas seguintes com a corrida armamentista bipolar.

As guerras da Coréia (1950-1953) e do Vietnam (1959-1975) são exemplos das práticas do fractional reserve lending arquitetadas pelos bancos centrais para prover os governos de recursos para custear os conflitos, então já sob o controle global dos moneychangers.

O assassinato do presidente Kennedy em Dallas, Texas, em 1963, é uma repetição das circunstâncias envolvendo a era de Jesus há 2.000 anos. No dia 30.06.1963, Kennedy promulgou a Ordem Executiva número 11.110, retirando do FED o poder de emprestar dinheiro a juros ao governo federal norte-americano. Com uma canetada, o pres. Kennedy criou as condições para encerrar as atividades do Banco Central americano. Essa ordem restaurou ao Depto. do Tesouro o poder de emitir dinheiro sem passar pelo FED e, portanto, sem cobrança de juros. O dólar deixou de ser nomeado Federal Reserve Note e passou a ser emitido como United States Note e não seria mais emprestado ao governo, seria impresso por ele, sem juros.

Essa lei foi sua sentença de morte. Cinco meses depois, em 22.11.63, Kennedy foi assassinado em Dallas por Lee Oswald, que por sua vez foi morto a tiros por Jack Ruby no dia em que daria seu primeiro depoimento público sobre o caso. Jesus também confrontou os moneychangers e o tribunal Sanhedrin do templo judeu revelando sua ganância monetária e acabou morto.

Diante da possibilidade de perder o controle das massas e o direito de cobrar taxas e impostos, os moneychangers agem rápida e violentamente.

Alguém ainda tem dúvida sobre a origem da atual crise econômica que assola o planeta, iniciada com a retomada dos imóveis da categoria sub-prime e depois com o desmantelamento da «bolha» de investimentos de Wall Street, cujos efeitos irão impactar severamente todos os países do mundo, lamentavelmente os mais pobres com mais crueldade?

Fica fácil compreender o papel dos bancos centrais mundiais, liderados pelo FED em todas essas crises.

Quem é mesmo que está emprestando cerca de US$ 850 bilhões ao mercado nos EUA, injetando dinheiro nas empresas e nos bancos? Ele mesmo, o FED.

Desta forma, expandindo e contraindo o dinheiro em circulação no mercado, os bancos maiores retomam ativos e o patrimônio das pessoas por uma bagatela e os revendem a preços usurários. Milhões de pessoas e negócios vão à falência, perdem suas casas e até a roupa do corpo, enquanto os moneychangers continuam sua opulenta trajetória de acumulação de dinheiro e poder.

Desconhecidas pela grande maioria das pessoas no planeta, essas informações estão a clamar uma decisão séria e definitiva da população diante desse cruel sistema de ganância e poder exercido por um pequeno grupo há mais de 300 anos, em contrapartida aos ensinamentos de amor ao próximo, irmandade e temor a Deus professados pela religião.

Será que somos suficientemente civilizados para tomar esta decisão de forma adequada, quer individual ou coletivamente, para as futuras gerações? Ou também nós, diante do dinheiro e de todas as oportunidades e do poder que ele oferece, seremos tomados pela ganância e pela usura?

Uma coisa é certa. A civilização contemporânea, tal como está estabelecida, não subsistirá por muito mais tempo. Os problemas gerados pela cultura do dinheiro, do lucro, da ganância e do individualismo já estão destruindo a natureza do planeta de forma irreversível para os nossos descendentes. Aí reside o cerne da delicada decisão que nossa civilização terá que adotar, mais cedo ou mais tarde.

Se não enfrentarmos vigorosamente o embate milenar entre fortes × fracos e ricos × pobres, buscando ascender a uma consciência coletiva mais humana e amorosa e suprimindo os valores argentários, estaremos certamente acelerando nosso caminho para o fim.

É preciso que alcancemos sabedoria através de um renascimento espiritual, se quisermos deitar o pavimento para a sobrevivência das gerações futuras.

* * *

Todas as citações deste artigo, quer no texto principal, quer nos rodapés, podem ser conferidas em livros e matérias atuais e da época ou diretamente pela Internet, através de ferramentas de busca como o Google e outros.

NOTAS DE RODAPÉ E REFERÊNCIAS

(1) Pai de Mayer Amschel Rothschild, autor da afirmação que abre o texto (acima).

(2) Pela primeira vez em sua história, a empresa Lehman Brothers viu-se enredada em problemas especulativos e pediu concordata no início de setembro/2008 para evitar a falência.

(3) A respeito, veja a história do conflito de Waterloo no Google, utilizando as palavras chave «Waterloo» + «Nathan Rothschild». É importante realizar a pesquisa com as aspas e o sinal de mais para atingir o resultado esperado.

(4) Veja no Google, sempre entre aspas para «focar» a pesquisa.

(5) Banqueiro, financista e colecionador de arte americano que dominou o financiamento corporativo e a consolidação industrial no século XIX, ele articulou a fusão das empresas Edison General Electric e Thompson-Houston Electric Company que se transformou na General Electric, a conhecida GE. Também participou ativamente da criação da United States Steel Corporation, fruto da união da Federal Steel Company com a Carnegie Steel Company, que se tornou uma das grandes siderúrgicas americanas. Doou grande parte de sua fabulosa coleção de arte ao Metropolitan Museum of Art em Nova Iorque.

(6) Fractional Reserve Banking = Sistema Bancário de Reserva Fracional, em que apenas uma pequena fração (às vezes até nenhuma, zero) dos depósitos bancários tem lastro em moeda corrente disponível para saque dos depositantes.

(7) Greenback = verso verde. Os dólares impressos por determinação do presidente Abraham Lincoln tinham o verso em cor verde, para diferenciá-los das demais cédulas da moeda americana.

(8) Do presidente Andrew Jackson, ao expulsar uma delegação de banqueiros internacionais do Salão Oval da Casa Branca: «Vocês são um ninho de vespas e ladrões cuja única intenção é acampar em torno da administração federal americana com sua aristocracia monetária perigosa para as liberdades do país».

(9) Do presidente James Madison (quarto presidente americano): «A história registra que os moneychangers se utilizaram de toda sorte de abusos, intrigas e de todos os meios violentos possíveis para manter o controle sobre governos através da emissão de moeda».

(10) A propósito, leia sobre «A República de Weimar», período de inflação galopante na Alemanha entre a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, em que o poder de compra do marco alemão foi completamente pulverizado pela altas taxas cobradas dos países aliados vencedores do conflito.

* Sobre o autor:
Nehemias Gueiros, Jr. – Advogado especializado em Direito Autoral e CyberLaw Prof. da Fundação Getúlio Vargas/RJ. Professor da pós-graduação da Escola Superior de Advocacia da OAB/RJ e Consultor Jurídico do site CONJUR, Rio de Janeiro, BRASIL.

http://jusvi.com/artigos/36376

2008-11-05

A Maior Fraude da História – parte 4 de 6

Início da Era Rothschild


SABEDORIA ÁRABE

Quem não sabe e não sabe que não sabe,
é um imbecil: deve ser internado.

Quem não sabe e sabe que não sabe,
é um ignorante: deve ser instruído.

Quem sabe e não sabe que sabe,
é um sonhador: deve ser acordado.

Quem sabe e sabe que sabe
é um sábio: deve ser imitado.

Rothschild

Em 1815, um jovem judeu assiste, de longe, a batalha de Waterloo, vê a derrota de Napoleão e corre imediatamente à costa belga, onde compra um barco. Atravessa o Canal da Mancha, chega em Londres arrebentando os cavalos, e entra na Bolsa de Valores com a mais tranqüila fisionomia deste mundo.

Seu nome: Nathan Mayer Rothschild.

Sorri e começa a vender seus títulos. Todos pensam que deve estar a par do resultado decisivo da batalha, pois nenhuma notícia até aquele momento havia chegado. Pois Rothschild, candidamente, diz que Napoleão havia conseguido uma gigantesca vitória, dizimando os exércitos aliados!

O pânico toma conta dos portadores de ações, bônus e apólices. Baixa pavorosa!

Os agentes de Nathan compram tudo por preço de banana.

Mais tarde chega a notícia da estrondosa vitória britânica e todos aqueles papéis, como é natural, sobem vertiginosamente. Mas estão quase na totalidade nas mãos de Rotschild, que realiza um ganho colossal e, à sombra dessa formidável riqueza, começa a dominar a Europa e, em seguida, o mundo.

Caíra o império militar de Napoleão, a maior potência política da época, e nascia o império endinheirado de Rothschild, a maior potência financeira dos novos tempos.

O barco que o trouxera a Londres não estava armado, mas serviu à primeira façanha de pirataria financeira daquele século!

2008-11-04

A Maior Fraude da História – parte 3 de 6

Ideologia do choque

O Mago Negro em ação: a ideologia do choque


Márcia Denser*


Merece atenção especial o novo livro de Naomi Klein, The Shock Doctrine: the rise of disaster capitalism (ainda não lançado no Brasil), jornalista e pesquisadora canadense, autora de No Logo (Sem logo – A tirania das marcas em um planeta vendido). A obra fala da carreira do economista Milton Friedman, morto em novembro de 2006, prêmio Nobel de economia de 1976, inventor da ideologia do pensamento único neoliberal – um cara que devia ter sido «desinventado». Ou melhor, nem merecia ter sido parido, pelo bem da Humanidade.

Nos anos 1950, Friedman lecionou na Universidade de Chicago e elaborou a teoria das liberdades planetárias de um novo capitalismo, que escapa a todas as restrições impostas pelos governos e pelos Estados. Capitalismo com o qual já sonhavam as futuras multinacionais e os investidores financeiros internacionais. Coisa boa é que não iria sair daquele cérebro!

Quando se tornou conselheiro econômico do ditador Augusto Pinochet, no Chile, década de 70, Friedman pôs sua teoria em prática e reformou a economia chilena. Mais tarde, tornou-se mentor, uma espécie de mago negro para gente do náipe de Margaret Thatcher, Ronald Reagan, Bush pai e Bush filho, Tony Blair e Nicolas Sarkozy.

Mas Friedman foi também um homem prático, como convém a todas as personalidades demoníacas. Desde o início, tinha consciência de que sua solução de «pureza» para regular a sociedade jamais seria aceita pelas populações, a menos que estivessem em estado de choque. Literalmente.

Para que as pessoas aceitassem o desmantelamento da assistência social, a supressão do salário mínimo e de todo controle das condições de trabalho, a privatização dos serviços sociais, impostos que favorecessem apenas os ricos, a perda do direito de divulgar sua oposição a esse estado de coisas, para que as pessoas aceitassem esse dealesse assassínio coletivo das condições de sobrevivência e das liberdades civis – era necessário primeiro que sofressem um desastre econômico e fossem tomadas de pânico. Daí o slogan: «bomb now, die later» – primeiro bombardeamos, depois matamos os sujeitos.

A «doutrina do choque» penetra e determina há tempos as decisões globais do G8, do Banco Mundial, do Fundo Monetário Internacional, dos estrategistas da CIA e do próprio exército norte-americano (guerras do Golfo e do Iraque), aliás, totalmente mercenarizado e terceirizado. Às vezes, o choque é tramado totalmente em segredo, como no Chile, em 1973. Por vezes, às claras, como na Rússia, em 1991, ou na África do Sul, em 1994. Os defensores da «doutrina do choque» estão estreitamente associados às equipes da CIA que trabalham com «técnicas de interrogatório coercitivo de prisioneiros», ou seja, de tortura.

Os dois tipos de choque são diferentes e têm efeitos diferentes, porém ambos são devastadores. Um é solitário e físico. O outro, coletivo e ideológico. O primeiro é imposto por meio de eletrochoques (objeto de assíduos estudos por parte da CIA desde os anos 50) e por privação sensorial. O segundo, pela encenação controlada de um desmoronamento econômico, pelo desmantelamento de todas as infra-estruturas sociais existentes, pela sincronização bem calculada de um período de pobreza abjeto e de pânico, após o qual se sai cinicamente com falsas promessas à mão.

Contudo, esses dois tipos de choques têm um único objetivo: esmagar qualquer resistência. Para isso, começa-se por destruir o sentido de identidade do indivíduo. Os que administram os choques – torturadores ou economistas – aprenderam, após meio século de experimentações, que a forma mais eficaz de destruir o sentido da identidade das pessoas consiste em desmontar e fragmentar sistematicamente a história de sua vida até aquele instante, ou seja, apagar o passado.

Uma vez o passado apagado, qualquer slogan politicamente abjeto é engolido, posto que inscrito em tabula rasa, na página em branco da des-história. É aí que a mídia encena seu gran finale!

Numa longa entrevista dada em setembro do ano passado, Naomi diz:
Por ocasião da morte de Friedman em 2006, percebemos quanto suas idéias radicais de livre mercado chegaram a dominar o mundo, como varreram a antiga União Soviética, a América Latina (grifo meu), a África, como essas idéias triunfaram durante os últimos trinta e cinco anos. E isso me impressionou muito.

Nessas idéias, nunca ouvimos falar de violência, nunca ouvimos falar de crises e nunca ouvimos falar de choques. Ou seja, a história oficial é de que estas idéias triunfaram porque desejávamos que assim o fosse, que o Muro de Berlim caiu porque as pessoas exigiram ter seus Big Macs junto com a sua democracia. E a história oficial do auge dessa ideologia passa por Margaret Thatcher dizendo «não há alternativa», à Francis Fukuyama afirmando que «a história terminou, o capitalismo e a liberdade caminham juntos».

Portanto, o que procuro fazer nesse livro é contar a mesma história, a conjuntura crucial na qual essa ideologia entrou com força, mas reintroduzo a violência, reintroduzo os choques e digo que existe uma íntima relação entre os massacres, entre as crises, entre os grandes choques e os duros golpes contra vários países e a capacidade de imposição de políticas que teriam de ser rejeitadas pelas populações do planeta.


Inconscientemente, Klein, malgrado seu conhecimento abrangente da atual conjuntura histórica, revela-se surpresa, pois fala inevitavelmente do ponto de vista duma cidadã dos países centrais onde os tais choques não foram imediatamente sentidos tampouco percebidos, até porque, segundo Jameson, «há sempre cegueira no centro». Claro. Os países centrais não enxergam porque não precisam ver, até que tudo venha à tona e, então, ficam estarrecidos. O que não é naturalmente o nosso caso.
Márcia Denser

* A escritora Márcia Denser é Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, pesquisadora de literatura brasileira contemporânea, jornalista e publicitária.

2008-11-03

A Maior Fraude da História – parte 2 de 6

Cultura: veículo ideológico

Cultura: o novo veículo ideológico do neoliberalismo


Márcia Denser*


Para o Iluminismo no século XVIII, a palavra «cultura» é sinônimo de «civilização». Inferimos, então, que cultura é o padrão que mede o grau civilizatório de uma sociedade. Ou seja, um conjunto de práticas – artes, ciências, técnicas, ofícios – através das quais se pode avaliar e hierarquizar os regimes políticos segundo um critério evolutivo.

Já no século XX, com a filosofia alemã, o conceito passa por uma transformação decisiva quando «cultura» se torna a diferença entre «natureza» e «história».

Cultura é, portanto, ruptura com a natureza. A ordem natural é regida pelas leis da causalidade e diz respeito à sobrevivência, à chamada Primeira Realidade (Bystrina), mas a ordem humana é ditada pelo universo simbólico ou semiosfera ou Segunda Realidade, e significa a capacidade humana de relacionar-se com o «ausente» e o «possível» através da linguagem e do trabalho. A dimensão humana da cultura é um movimento de transcendência para ultrapassar o tempo da existência (a morte) e o espaço (o ausente).

Assim, Cultura enquanto Segunda Realidade inaugura e consubstancia a História. A partir daí o conceito ganha uma extraordinária abrangência, pois a cultura passa a ser entendida como produção e criação de linguagem, religião, sexualidade, instrumentos e formas de trabalho, habitação, vestuário, culinária, música, dança, relações sociais, etc, enfim toda produção material humana ao longo do tempo.

A cultura é o campo onde a sociedade elabora símbolos, institui práticas e valores, define o possível e o impossível, o sentido da linha do tempo (presente, passado e futuro), as diferenças no interior do espaço (sentido de próximo e distante, grande e pequeno, visível e invisível), valores como falso e verdadeiro, belo e feio, justo e injusto, instaura a lei, logo permitido e proibido, determina o sentido da vida e da morte, e então sagrado e profano.

Contudo, a marca da sociedade é a existência da divisão social, da divisão de classes, e esta institui a divisão cultural, donde a idéia de «cultura dominante» e «cultura dominada». Graças às análises da ideologia, o lugar da «cultura dominante» é bastante claro: é dali que se legitima o exercício da exploração econômica, da dominação política e da exclusão social. Mas essa dominação tende a ser ocultada, e é nesse sentido que opera a cultura de massa, pois:

a. Separa os bens culturais pelo valor de mercado: obras caras são consumidas pela elite e as baratas e bregas pela massa. Institui-se a divisão entre elite «culta» e massa «inculta»;

b. Inventa a figura do «espectador médio», isto é, aquele que tem capacidades mentais médias, gostos médios, conhecimentos médios e a quem ela oferece produtos culturais médios. Que significa isso? A indústria cultural vende cultura. E para vender tem que seduzir o consumidor, NÃO pode chocá-lo, provocá-lo, fazê-lo pensar, dar-lhe informações novas, mas SIM devolver-lhe, com novo modelito, tudo o que ele JÁ SABE, JÁ VIU, JÁ FEZ. A «média» é o senso comum petrificado que a cultura de massa devolve com cara de coisa nova.

c. Define cultura como lazer e entretenimento. Hanna Arendt apontou a transmutação da cultura sob os imperativos da comunicação de massa, isto é, a transformação do trabalho da cultura, das obras do pensamento e da arte, dos atos cívicos, esportivos e religiosos em entretenimento.

Do ponto de vista do processo criativo cultura é trabalho (e trabalho duro!), algo muito distante de repouso e lazer. E massificar é o contrário de democratizar a cultura, é a negação da democratização da cultura.

O fato é que ocorreram profundas transformações na experiência do espaço e do tempo, decorrentes das novas tecnologias. A fragmentação e a globalização da produção econômica engendraram dois fenômenos contrários e simultâneos: a dispersão temporal e a compressão do espaço. Tudo se passa aqui, sem distâncias, nem fronteiras, e tudo se passa agora, sem passado nem futuro.

Fragmentação e dispersão do espaço e do tempo condicionam sua reunificação sob um espaço indiferenciado, plano, de imagens fugazes, e um tempo efêmero, desprovido de profundidade.

A profundidade do tempo e seu poder diferenciador desaparecem sob o poder do instantâneo, assim como a profundidade de campo, que define o espaço da percepção, desaparece sob o poder do lugar nenhum tecnológico. A telepresença e a teleobservação impossibilitam diferenciar entre aparência e sentido, virtual e real.

Ao perdermos a diferenciação temporal, cessa a profundidade do passado, bem como a profundidade do futuro como possibilidade para ultrapassar situações dadas, compreendê-las e transformar seu sentido – eis o que se convencionou chamar de «condição pós-moderna» (Lyotard), quer dizer, a existência social e cultural sob a economia neoliberal.

Assim perdemos o sentido da cultura como ação histórica. Como funciona? Bom, algumas respostas dadas por estudantes em vestibulares de Música demonstram isso bem concretamente:
  • Mozart morreu jovem. Sua maior obra é a trilha do filme «Amadeus».
  • Os maiores compositores do Romantismo são Chopin, Schubert e Tchaikovsky. No Brasil temos Roberto Carlos e Daniel.
  • Muitos pesquisadores concordam que a Música Medieval foi escrita no passado.
  • Bach está morto desde 1750 até os dias de hoje.
  • Beethoven escreveu música mesmo surdo. Ficou surdo porque fez música muito alta. Faliu em 1827 e mais tarde morreu por causa disso.
  • Joseph van Damme além da arte lírica, é adepto das artes marciais. Não assisti nenhuma ópera mas tenho o DVD de três filmes dele. (porrada nele, Jean-Claude!)
  • Os menestréis e trovadores transmitiam notícias e estavam nas festas. Andavam de cidade em cidade, de castelo em castelo e iam até nos shows de TV.
  • Handel era meio alemão, meio italiano e meio inglês.
  • Henry Purcell é um compositor muito conhecido, mas até hoje ninguém ouviu falar dele.
  • Eu sei o que é sexteto, mas não sei dizer.


É isso aí. Uma cultura dominante, cuja exploração econômica, dominação política e exclusão social é aceita cotidianamente sem perguntas, se realiza plenamente tornando a todos – sobretudo os mais jovens – despolitizados, acríticos e burros. E gostando disso. Enjoy it.
Márcia Denser

* A escritora Márcia Denser publicou, entre outros, Tango Fantasma (1977), O Animal dos Motéis (1981), Exercícios para o pecado (1984), Diana caçadora (1986), Toda Prosa (2002) e Caim (2006). Participou de várias antologias importantes no Brasil e no exterior. Organizou três delas - uma das quais, Contos eróticos femininos, editada na Alemanha. Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, é pesquisadora de literatura brasileira contemporânea, jornalista e publicitária.