2015-11-28

É cool ser de Direita

@crazygloria Portando um discurso desonesto, pautado na dicotomia jovem vs velho, Gloria Álvarez usa do deboche para vender como novo um discurso direitista que encantavam jovens nas décadas de 1930 e 1940.

Crazy Glorita associa todas as características de Esquerda Política a velhos caquéticos e as de Direita a ser cool. Para tanto, ela emula um discurso “centrista” que trata a inexperiência do jovem como virtude. Associado a essa inexperiência, é valorizado indiretamente o desconhecimento, que permite que o jovem se encante e compre como novo ideologias jurássicas.

Tudo isso, claro, evitando transparecer essa estratégia vil de desinformação.

Mas não é esse ponto que pretendo criticar… quero me ater a sua defesa do comportamento egoísta.

Começa dizendo que o egoísmo não é bom, nem ruim, tirando do interlocutor o direito de questionar o principal argumento implícito em todo restante do discurso: que egoísmo seria algo bom. Essa é uma retórica tremendamente desonesta.

Entendendo isso, ela usa duas falácias para defender a postura egoísta:
1A primeira é a da inversão de valores: “se tudo mundo aceita como verdade, deve estar errado”;
2A segunda é a falácia da natureza: “se é natural, é bom”.

Se o senso comum toma algo por certo, não significa que esteja certo… nem que esteja errado! É preciso sempre questionar, entender até onde algo é factível ou falso, mas questionar dá trabalho, raciocínios prontos são muito mais fáceis.

Aceitar não demanda esforço.

Quanto à falácia da natureza, a quem acha que tudo que é natural seja bom, sugiro uma terapia de coisas bem naturais, como cicuta, ou veneno de cobra.

Em resumo: é um discurso muito bem trabalhado, baseado na lógica rasa que consiste em substituir a verdade por aquilo que o interlocutor quer ouvir, no caso do jovem de qualquer geração, que a geração dele é superior às anteriores e que ele merece ser tratado pelo mundo como de alguma forma “melhor” que as demais pessoas.

[]’s

2015-11-06

Domínio de axiomas

lâmpada Quando a pessoa está imersa numa corrente de pensamento (grupo religioso, doutrina filosófica, etc.), tudo parece corroborar para a veracidade daquela corrente, porém isso é uma ilusão criada por uma peculiaridade lógica chamada domínio de axiomas.

Um domínio de axiomas é um conjunto de postulados arbitrários que corroboram uns aos outros de forma coerente, dando a impressão de veracidade, porém, basta que um dos aximas falhe para que todo o domínio desmorone.

Geramente um domínio de axiomas é composto por dezenas, até centenas de axiomas, mas o que funciona para muitos, funciona da mesma forma para um conjunto menor, portanto podemos fazer uma demonstração com um domínio de, por exemplo, oito axiomas.

Em vez de afirmações que possam ser colocadas a prova, usarei verdades arbitrárias que podem representar qualquer doutrina. Nossos oito aximas são:
  • ☆☆☆
  • ☆☆★
  • ☆★☆
  • ☆★★
  • ★☆☆
  • ★☆★
  • ★★☆
  • ★★★


A forma racional de pensar é constituída de operações lógicas. Vou usar seis operações, mais que suficientes:
  1. Conjunção lógica: ^
  2. Disjunção lógica: v
  3. Disjunção exclusiva: ≠
  4. Implicação lógica: →
  5. Equivalência lógica: ≡
  6. Negação lógica: ¬


Dessas operações, a negação lógica opera sobre um axima, as demais combinam dois aximas. Cada operação é apliada igualmente a cada parte de cada axima: a 1ª parte de um com a 1ª do outro, a 2ª de um com a 2ª do outro e a 3ª de um com a 3ª do outro.

A grande mágica do raciocínio lógico sobre um domínio de axiomas é que o resultado de qualquer operação envolvendo apenas axiomas do domínio sempre resulta em um axioma do mesmo domínio, causando a ilusão de endossar a veracidade do domínio.

Vou descrever agora como se usa as operações:

Conjunção lógica


A^BA^B
^
^
^
^

Por exemplo, ★★☆^☆★★=☆★☆.

Disjunção lógica


AvBAvB
v
v
v
v

Disjunção exclusiva


ABA≠B

Implicância lógica


ABA→B

Equivalência lógica


ABA≡B

Negação lógica


¬A¬A
¬
¬

**

O desafio é combinar essas operações sobre os axiomas do domínio e chegar a resultados fora do conjunto.

Depois de tentar ad nauseum, você verá que é impossível, pois essa é uma poderosa característica do raciocício lógico e dos axiomas.

É por isso que, ao ser imerso em um grupo de pessoas que reiteram uma corrente de pensamento, cada vez mais temos a impressão de sua veracidade – e é por isso que é tão importante a diversidade, ouvir outros pontos de vista: porque, ao se repetir apenas preceitos que se complementam uns aos outros, deixamos escapar verdades de fora do domínio.

[]’s

2015-08-18

Vergonha alheia

Heim? As manifestações do dia 16/8 me fazem sentir vergonha alheia.

Um bando de brancos racistas, machistas e homofóbicos destilando ódio, preconceito e violência, repetindo mecanicamente que se trata de uma manifestação pacífica e democrática, ao bom e velho estilo Goebbels, como se, ao repetir uma mentira, ela se tornasse verdade.

Aí alguém vem e diz:

— Como machistas? Havia mulheres na passeata!

Dondocas sustentadas pelo marido, naquela tradicional relação vertical onde o homem é o provedor rei do lar e a mulher sua serva, ali para cobrir suas necessidades; cujas mentes não foram exercitadas o suficiente para perceberem o absurdo da situação.

— Mas algumas dessas mulheres são empresárias.

Sim, que se satisfazem egoisticamente em ocupar um lugar masculino, discriminando outras mulheres e se vingando dos homens quando pode. Ainda assim machistas, misóginas.

— Mas e a mulher negra?

Qual? Uma daquelas raríssimas que aparecem como mucama da madame na manifestação? Aquela feliz em ocupar seu lugar na hierarquia da violência, e que desconta os maus tratos que recebe maltratando o nordestino, entre outros, aqueles abaixo dela nessa hieraquia perversa? Aquela que se sente amada por ser recebida no seio da família branca como serva?

Seja como for, qualquer um que você pegue daquela massa de ignorância é ou favorecido pelo status quo, ou se compraz na perversidade.

Pra todo escravo fujão, sempre há um capitão do mato.

[]’s Cacilhας, pli La Batalema ol ĉiam antaŭe

2015-06-26

Não vou calar!

2015-06-19

O apocalipse é agora

lâmpada Deus deu ao homem a razão e a lógica para iluminar suas decisões. Se você faz escolhas sem o uso da razão e da lógica está se afastando de Deus e se expondo aos interesses do Inimigo.

Como isso em mente, lembramos que a palavra de Jesus Cristo sempre foi uma palavra de amor e tolerância. Deus é amor, quem se afasta do amor, se afasta de Deus – pelo menos é a mensagem claramente passada em todo o Evangelho.

Portanto, com um pouco de bom senso e pensamento lógico (que Deus nos deu), fica claro que quem prega o ódio e a intolerância fala em nome do Inimigo.

Silas Malafaia, Marco Feliciano e companhia são falsos profetas a mando do Inimigo. Não sou eu quem diz, é Mateus:
Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores. Vocês os reconhecerão por seus frutos. Pode alguém colher uvas de um espinheiro ou figos de ervas daninhas? Semelhantemente, toda árvore boa dá frutos bons, mas a árvore ruim dá frutos ruins. A árvore boa não pode dar frutos ruins, nem a árvore ruim pode dar frutos bons. Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e lançada ao fogo. Assim, pelos seus frutos vocês os reconhecerão! (Mt. 7:15-20)

“Vocês os reconhecerão por seus frutos”, disse Mateus: incitação ao ódio, perseguição àquilo que eles não gostam, tudo o que afasta o ser humano do amor.

Quem também alerta sobre os falsos profetas, que servem apenas a seus próprios apetites (enriquecimento), é Paulo:
Recomendo, irmãos, que tomem cuidado com aqueles que causam divisões e põem obstáculos ao ensino que vocês têm recebido. Afastem-se deles. Pois essas pessoas não estão servindo a Cristo, nosso Senhor, mas a seus próprios apetites. Mediante palavras suaves e bajulação, enganam o coração dos ingênuos. (Rm.  16:17-18)

Pedro também avisou sobre eles.

Como vocês conseguem cair na conversa deles com tantos avisos?! Percebam que quem segue essa gente segue porque escolheu seguir, e basta um minuto de razão para que sua verdadeira identidade seja despida.

Assim apelo para o bom senso dos leitores, para que usem o poder que Deus lhes deu chamado razão e lógica. Pensar não dói.
[]’s

Deus: Vou chamar assim devido ao público alvo deste artigo.

Inimigo: Idem.

2015-06-07

Sobre a evolução da ciência

Certa vez os cientistas perceberam uma casualidade interessante: se você pegar as potências de dois de 20 a 27, acrescentar zero (0) ao começo da sequência, multiplicar cada elemento por 3 e somar 4 você consegue os valores aproximados das distâncias médias das órbitas dos nove corpos celestes considerados planetas durante o começo do século XIX em décimos de unidade astronômica:
PlanetaValor calculadoDistância média real
Mercúrio40,39UA
Vênus70,72UA
Terra101,00UA
Marte161,52UA
Ceres282,77UA
Júpiter525,20UA
Saturno1009,58UA
Urano19619,2UA
Netuno38830,0UA

Por essas contas, o próximo planeta deveria estar em 772 (aproximadamente 77,2UA), desqualificando Plutão (39,5UA) como planeta.

Com a descoberta de Plutão e o rebaixamento de Ceres, tentaram ajustar o cálculo usando como base a sequência de Fibonacci, com mais uma ginástica aritmética para fazer os números se ajustarem.

De qualquer forma, esse não é o ponto. Primeiro, a órbita média de Netuno está muito fora da posição (30UA, quando deveria estar mais longe) e o primeiro valor da sequência (4) não faz parte dela (matematicamente deveria ser 5.5). Em resumo, é apenas uma curiosidade matemática, nada nem próximo de uma lei universal.

Porém essa masturbação numerológica era ensinada nas escolas até depois da metade do século XX como uma lei astronômica (!!!), só caindo por terra quando sistemas planetários extrassolares foram descobertos.

Este é o ponto!

A beleza da ciência é não se ver escrava de crenças ancestrais, compromissada com o erro. Tem a capacidade de evoluir, aceitar-se falha e corrigir-se.

A religião também pode(ria) alcançar isso, se não viver(sse) amarrada à tradição, tentando escravizar as pessoas à ignorância.

[]’s

2015-06-06

Impressões sobre os 10 anos da nova série Doctor Who

Oitavo Doutor Sempre tive curiosidade sobre a série Doctor Who, mas nunca havia parado para assistir seriamente, até 2005, quando a ressuscitaram.

Desde então acompanho a série com expectativa e excitação, como todo bom whovian. Agora, após 10 anos de série, gostaria de expor algumas impressões.

O Nono Doutor

Em 2005, a série foi resgatada com Christopher Eccleston no papel do Nono Doutor.
Nono Doutor

Eccleston fez um Doutor que lembra muito suas sétima e oitava encarnações. Tem algo das anteriores ainda, mas pouco. Muito carismático e cativante.

Cada episódio do Nono Doutor foi mais e mais envolvente, e sua relação com Rose Tyler se constrói organicamente, tornando sua acompanhante (companion no original em inglês) a preferida de muitos fãs.

Décimo Doutor

Mas o contrato de Eccleston previa apenas uma temporada e, por algum motivo que até hoje ele não gosta de comentar, não foi renovado. Então entra em 2006 o Décimo Doutor, vivido por David Tennant (sim, o Barty Crouch Jr. de Harry Potter).
Décimo Doutor

O Décimo Doutor foi mais audaz e impetuoso que o anterior, também foi mais bem construído, trazendo referências em sua personalidade a cada um de seus nove antecessores.

Também foi o mais sofrido e amargurado. Na minha humilde opinião, o melhor. Sua derradeira frase sai com dificuldade e dói no coração de cada whovian: “I don’t wanna go!

Décimo Primeiro Doutor

Matt Smith, ex jogador de futebol, assume a encarnação seguinte do Doutor, porém começa fraco e quase um personagem secundário nas histórias de Amy Pond.
Décimo Primeiro Doutor

É isso: por alguns anos vemos o fim das aventuras de Doctor Who e, em seu lugar, a história de Amy Pond, ficando o Doutor em segundo plano. O Décimo Primeiro Doutor é apenas uma sombra do que um dia havia sido, representado por um ator perdido e excessivamente infantil.

A melhor coisa que aconteceu para a série foi, próximo ao final, terem tirado Amy Pond e introduzido Clara Oswald, The Impossible Girl. Então as coisas começam a ficar interessantes…

Com Jenna Coleman, atriz que interpreta Clara, Matt tem química e o Doutor começa a crescer, ao ponto de, ao final de sua atuação, ele ter quase superado seus antecessores, de dar tristeza quando ele sai do papel. Sentiremos falta de Matt Smith, do ótimo Doutor que ele se tornou! Vemos muito do Primeiro e do Segundo Doutor no Doutor de Matt Smith que evoluiu no final.

O Doutor Guerreiro

Então, no filme The Day of the Doctor introduzem o magnífico ator John Hurt no papel do Doutor Guerreiro (The War Doctor no original), uma encarnação intermediária entre o Oitavo e o Nono Doutor.
Doutor Guerreiro

Na verdade John Hurt já é apresentado nesse papel em dois episódios anteriores, The Name of the Doctor e The Night of the Doctor.

O Doutor Guerreiro é um homem assombrado por seus crimes de guerra e pelo que ele pretende fazer (spoilers, sweetie). Em sua personalidade, ele é e não é o Doutor ao mesmo tempo – e John Hurt representa isso de modo espetacular.

Décimo Segundo Doutor

Até agora a última encarnação do Doutor entra no final de 2013, na pele de Peter Capaldi.
Décimo Segundo Doutor

O Décimo Segundo Doutor lembra muito o Terceiro Doutor, tanto em sua personalidade quanto em seu jeito de vestir, no entanto é preciso admitir que Capaldi entrou com o pé esquerdo no papel: faz um Doutor antipático, desagradável e confuso e não tem a menor química com Jenna Coleman, o que torna os episódios ruins.

No entanto ele demonstra alguns vislumbres de um Doutor bem representado aqui e ali, o que vai melhorando ao longo de sua primeira temporada, que termina até bem. Ainda não assisti a segunda temporada do Décimo Segundo Doutor, mas se Capaldi continuar entrando no personagem como vem gradativamente fazendo, promete ser muito melhor que a anterior.

**

Bem, essas são minhas impressões enquanto fã de Doctor Who, a série de ficção científica mais antiga em exibição.
[]’s