2015-06-07

Sobre a evolução da ciência

Certa vez os cientistas perceberam uma casualidade interessante: se você pegar as potências de dois de 20 a 27, acrescentar zero (0) ao começo da sequência, multiplicar cada elemento por 3 e somar 4 você consegue os valores aproximados das distâncias médias das órbitas dos nove corpos celestes considerados planetas durante o começo do século XIX em décimos de unidade astronômica:
PlanetaValor calculadoDistância média real
Mercúrio40,39UA
Vênus70,72UA
Terra101,00UA
Marte161,52UA
Ceres282,77UA
Júpiter525,20UA
Saturno1009,58UA
Urano19619,2UA
Netuno38830,0UA

Por essas contas, o próximo planeta deveria estar em 772 (aproximadamente 77,2UA), desqualificando Plutão (39,5UA) como planeta.

Com a descoberta de Plutão e o rebaixamento de Ceres, tentaram ajustar o cálculo usando como base a sequência de Fibonacci, com mais uma ginástica aritmética para fazer os números se ajustarem.

De qualquer forma, esse não é o ponto. Primeiro, a órbita média de Netuno está muito fora da posição (30UA, quando deveria estar mais longe) e o primeiro valor da sequência (4) não faz parte dela (matematicamente deveria ser 5.5). Em resumo, é apenas uma curiosidade matemática, nada nem próximo de uma lei universal.

Porém essa masturbação numerológica era ensinada nas escolas até depois da metade do século XX como uma lei astronômica (!!!), só caindo por terra quando sistemas planetários extrassolares foram descobertos.

Este é o ponto!

A beleza da ciência é não se ver escrava de crenças ancestrais, compromissada com o erro. Tem a capacidade de evoluir, aceitar-se falha e corrigir-se.

A religião também pode(ria) alcançar isso, se não viver(sse) amarrada à tradição, tentando escravizar as pessoas à ignorância.

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