2010-09-24

Mino dissolve a Dra Cureau. Quem quer o Golpe? Quem a nomeou?

Baal

Extraído da Carta Capital, sugerido pelo Paulo Henrique Amorim:


Cureau, a censora
Mino Carta 24 de setembro de 2010 às 10:00h

Permito-me sugerir à doutora Sandra Cureau, vice-procuradora-geral da Justiça Eleitoral, que volte a se debruçar sobre os alfarrábios do seu tempo de faculdade, livros e apostilas, sem esquecer de manter à mão os códigos, obras de juristas consagrados e, sobretudo, a Constituição da República. O erro que cometeu ao exigir de CartaCapital, no prazo de cinco dias, a entrega da documentação completa do nosso relacionamento publicitário com o governo federal nos leva a duvidar do acerto de quem a escolheu para cargo tão importante.

Refiro-me, em primeiro lugar, ao erro, digamos assim, técnico. Aceitou uma denúncia anônima para proceder contra a revista e sua editora. Diz ela conhecer a identidade do denunciante, acoberta-o, porém, sob o manto do sigilo condenado pelo texto constitucional e por decisões do Supremo Tribunal Federal. Protege quem, pessoa física ou jurídica, condiciona a denúncia ao silêncio sobre seu nome. Ou seja, a vice-procuradora comete uma clamorosa ilegalidade.

Há outro erro, ideológico. Quem deveria zelar pela lisura do embate eleitoral endossa a caluniosa afronta que há tempo é cometida até por colegas jornalistas ardorosamente empenhados na campanha do candidato tucano à Presidência. A ilação desfraldada a partir do apoio declarado, e fartamente explicado por CartaCapital, à candidatura- de Dilma Rousseff revela a consistência moral e ética, democrática e republicana dos acusadores, ou por outra, a total inconsistência. A tigrada não concebe adesão a uma candidatura sem a contrapartida em florins, libras, dracmas. Reais justificados por abundante publicidade governista.

Sabemos ser inútil repetir que a publicidade governista premia mais fartamente outras publicações. Sabemos que José Serra, ainda governador, mas de mira posta na Presidência, assinou belos contratos de compra de assinaturas com todas as maiores empresas jornalísticas do País, com exceção, obviamente, da editora de CartaCapital. Sabemos que não é o caso de esperar pela solidariedade- dos patrões da mídia e dos seus empregados, bem como das chamadas entidades de classe, sem falar da patética Sociedade Interamericana de Imprensa. Estas, aliás, se apressam a apoiar a campanha midiática que aponta em Lula o perigo público número 1 para a democracia e a liberdade de imprensa.

Nem todos os casos denunciados pela mídia nativa merecem as manchetes de primeira página, um e outro nem mesmo um pálido registro. É inegável, contudo, que dentro do PT há uma lamentável margem de manobra para aloprados de extrações diversas. CartaCapital tem dado o devido destaque a crimes como a quebra de sigilo fiscal e a deploráveis fenômenos de nepotismo e clientelismo, embora não deixe de apontar a ausência das provas sofregamente buscadas pelos perdigueiros da informação, em vão até o momento, de ligações com a campanha de Dilma Rousseff.

Vale, porém, discutir as implicações da liberdade de imprensa, e de expressão em geral. É do conhecimento até do mundo mineral que a liberdade de informar encontra seus limites no Código Penal. Se o jornalista acusa, tem de provar a acusação. E informar significa relatar fatos. Corretamente. Quanto à opinião, cada um tem direito à sua.
Muito me agrada que o Estadão e o Globo em editoriais e, se não me engano,- um colunista tenham aproveitado a sugestão feita por mim na semana passada. Por que não comparar Lula a Luís XIV, além de Mussolini e Hitler? Compararam, para ampliar o espectro da evocação. De ditadores de extrema-direita a um monarca por direito divino, aprazível passeio pela história.

Volto à carga: sinto a falta de Stalin, talvez fosse personagem mais afinada com a personalidade de Lula, aquele que ia transformar o Brasil em república socialista. Quem sabe, a tarefa fique para a guerrilheira terrorista, assassina de criancinhas.
Espero ter sido útil, com uma contribuição aos delírios de quem percebe o poder a lhe escorrer entre os dedos. A campanha midiática a favor do candidato tucano não é digna do país que o Brasil merece ser, e sim adequada ao manicômio. Aumenta o clamor de grupelhos de inconformados de uma velha-guarda que não dispensa militares de pijama, todos protagonistas de um espetáculo que fica entre a ópera-bufa e o antigo Pinel. Que tem a ver com liberdade de imprensa acusar Lula e Dilma de pretenderem “mexicanizar”, ou “venezuelizar” o Brasil? Ou enterrar a democracia?

Mesmo que o presidente não pronuncie sempre palavras irretocáveis, onde estão as provas desse terrificante projeto? Temos, isto sim, as provas em sentido contrário: os golpistas arvoram-se a paladinos de uma legalidade que eles somente ameaçam. A união da mídia já produziu alguns entre os piores momentos da história brasileira. A morte de Getúlio Vargas, presidente eleito, a resistência a Juscelino, o golpe de 1964 e suas consequências 21 anos a fio, sem contar com a oposição à campanha das Diretas Já. Ou com o apoio maciço à candidatura de Fernando Collor, à reeleição de Fernando Henrique, às privatizações vergonhosamente manipuladas.

É possível perceber agora que este congraçamento nunca foi tão compacto. Surpreende-me, por exemplo, o aproveitamento que o Estadão faz das reportagens de Veja, citada com todas as letras. Em outros tempos não seria assim, a família Mesquita tachava os Civita de “argentários” em editoriais da terceira página. As relações entre os mesmos Mesquita, os Frias e os Marinho não eram também das melhores. Hoje não, hoje estão mais unidos do que nunca. Pelo desespero, creio eu.

A união, apesar das divergências, sempre os trouxe à mesma frente quando o risco foi comum. Ameaça ardilosamente elevada à enésima potência para justificar o revide pronto e imediato. E exorbitante. A aliança destes dias tem uma peculiaridade porque o risco temido por eles é real, a figurar uma situação muito pior do que aquela imaginada até o começo de 2010. Desespero rima com conselheiro, mas como tal é péssimo. De sorte que estão a se mover para mais uma Marcha da Família, com Deus, pela Liberdade. A derradeira, esperamos. Não nos iludamos, no entanto. São capazes de coisas piores.

Otimista em relação ao futuro, na minha visão vivemos os estertores de um sistema, mudança essencial ao sabor de um confronto social em andamento, sem violência, sem sangue. Diria natural, gerado pelo desenvolvimento, pelo crescimento. Donde, por mais sombrios que sejam os propósitos dos verdadeiros inimigos da democracia, eles, desta vez, no pasaran. Eles próprios se expõem a risco até ontem inimaginável. Se houver chance para uma tentativa golpista, desta vez haverá reação popular, com consequências imprevisíveis.
Episódio representativo da situação, conquanto não o mais assombroso, longe disso, é a demanda da vice-procuradora da Justiça Eleitoral para averiguar se vendemos, ou não, a nossa alma. Falo em nome de uma pequena redação que não desiste há 16 anos na prática do jornalismo honesto, pasma por estar sob suspeita ao apoiar às claras a candidatura Dilma.

Sugiro à doutora Sandra que, de mão na massa, verifique também se a revista IstoÉ recebeu lauta compensação do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema quando o acima assinado em companhia do repórter Bernardo Lerer, escreveu uma reveladora, ouso dizer, reportagem sobre Luiz Inácio da Silva, melhor conhecido como Lula, publicada em fevereiro de 1978. Ou se acomodou-se em uma espécie de mensalão ao publicar oito capas a respeito da ação de Lula à frente de uma sequência de greves entre 1978 e 1980. Ou se me locupletei pessoalmente por ter estado ao lado dele na noite de sua prisão, e da sua saída da cadeia, quando enquadrado pela ditadura na Lei de Segurança Nacional, bem como nas suas campanhas como candidato à Presidência da República. Desde o dia em que conheci o atual presidente da República, pensei: este é o cara.

Mino Carta


[]’s
Cacilhας, La Batalema

2010-09-08

Festa D’Itália

Alemanha Nesse último feriadão passado, de 03 a 07 de setembro, aconteceu em Silent Hill Petrópolis a Festa D’Itália.

Muito interessante ir à festa beber cerveja italiana, comer chucrute italiano e salsichão italiano, tudo ao som da trilha sonora da novela Terra Nostra.

Deixando de lado a reciclagem da Bauernfest e o maldito estereótipo by Rede Globo, no último dia de Festa D’Itália rolou uma apresentação insuperável da Tribo de Gonzaga.

No meio da apresentação, ocorreu um momento hilário quando Guido Martini quase engoliu parte do microfone e ficou uma música fora, quase sendo levado para a UPA.

Bem, o fato é que no final de toda essa palhaçada turistoide salvou-se um show memorável que valeu por todos os dias.

[]’s
Cacilhας, La Batalema

2010-09-04

Bizarrices cotidianas

Heim? São incríveis as sitações bizarras que presenciamos no dia-a-dia…

Segue uma pequena coletânea de algumas últimas das quais fui espectador:

Tirando onda pra onda não me tirar


Estava eu no ônibus roletão, de bermuda, chinelo e uma camisa bem batida – não furada ainda –, completamente à vontade e à toa. Entra um sujeito com tênis Abibas (não é Adidas!), calças jeans, camiseta mamãe-sou-gay e óculos escuros. Até aqui tudo bem.

O cara me olha de cima em baixo antes de passar a me ignorar e senta num banco próximo fazendo pose de fodão. Toda expressão corporal de bolacha do pacote.

Já é escroto o suficiente um babaca de carrão tirando onda assim, mas andando de roletão o sujeito acha que tira onda de quê?

Como não morrem?


Outro dia, na esquina da Rua da Quitanda com a Alfândega, no Centro do Rio, havia uma moça muito bonita em um vestido leve e sensual, sem ser vulgar.

Passei por ela e parei para esperar os carros que passavam antes de atravessar, mas foram os carros que tiveram de parar bruscamente…

Passaram por mim dois valetes sem noção olhando para a moça com cara de lobo mau, que nem viram os carros – ou a rua – e saíram atravessando na frente do trânsito. Pra meu espanto, logo atrás veio um terceiro.

Como essa gente sobrevive até a idade adulta?

O povo brasileiro não sabe votar


Esta vai por último pois é a mais bizarra de todas.

Estava eu no Escritório de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional para efetuar um registro. Na fila, à minha frente, havia um senhor idoso reclamando sem parar que o povo brasileiro não sabe votar, que por causa disso elegeram o Lula e ele estaria destruindo o Brasil e que bom mesmo era no Regime Militar, quando quem escolhia os governantes eram as pessoas que sabiam o que é certo.

Muito bem… chegando ao guichê esse senhor foi explicar à atendente o que ele queria:

Ele disse que havia registrado um modelo de automóvel há uns anos e que uma empresa de automóveis havia posteriormente construído o modelo dele sem pagar os devidos royalties. Ele disse que entrou na justiça, mas perdeu o processo porque o modelo descrito no registro dele não combinava com o modelo fabricado pela empresa.

Qual a ideia genial? Ele estava lá porque queria anexar à obra original a descrição do modelo fabricado pela empresa (!!). A atendente explicou que ele poderia sim fazer um anexo posterior à publicação, mas que não adiantaria de nada, já que a data da anexação constaria na obra.

Ele respondeu que tudo bem, que isso era problema dos advogados dele.

Para terminar a bizarrice, houve um problema com o título da obra: a obra original havia sido registrada com título em português e no anexo ele colocou o título em inglês. Ele disse então para registrar uma errata alterando o título da obra para o inglês, pois, segundo suas palavras, ele não queria mais passar o feio de apresentar seu projeto com título nessa linguazinha horrorosa.

Pois é, realmente uma pessoa muito honesta e politizada… =/

[]’s
Cacilhας, La Batalema