O Segredo
Estive muito curioso pois se fala muito sobre o segredo, que parece ser uma grande revelação.
Resolvi então alugar o documentário para assistir e descobri que, se era para ser um «segredo», alguém deu com a língua nos dentes…
Esperando descobrir algo novo, um «segredo», descobri que não havia nada de novo para mim: já ouvi o tal «segredo» de maçons, na Rosa Cruz e até na Seicho-No-Ie. Na verdade, a primeira vez em que ouvi o «segredo» foi de minha avó quando eu era ainda criança.
Cresci ouvindo isso.
Não posso dizer que não funcione, pois sempre fui displicente e das poucas vezes que usei, funcionou.
Só que há umas falhas graves na visão da autora:
Primeiro ela passa a falsa sensação de controle. Tipo, se quero um determinado carro, mentalizo-o e fatalmente ganharei o carro que queria. Não é assim que funciona. Isso causa frustração e a sensação de que é tudo uma mentira.
Ou seja, todo mundo – maçons, rosacruzes, pessoal da Seicho-No-Ie, minha avó – sabe o segredo, menos a maluca que escreveu o livro.
A lógica é que, controlando nossos próprios sentimentos, mantendo as emoções e os pensamentos num grau elevado, isso cria uma psicosfera magnética que atrai eventos que tendem a reforçar esse estado de espírito, mas não controlamos o que acontecerá, nem como, nem quando.
O mesmo vale para o contrário: se nossos sentimentos, emoções, pensamentos operam numa frequência baixa, isso cria uma psicosfera que atrai eventos que tendem a reforçar esse estado de espírito. Também não há uma relação direta ou controle sobre o que, como ou quando. Isso é chamado autossabotagem.
Outro erro ainda pior da autora é confundir desejo e vontade. Leia Nietzsche e as Quatro Nobres Verdades.
Há uma diferença entre desejo e vontade: desejo só leva a mais desejo, vontade leva a realização. Desejo é egóico, é algo pra si; vontade busca um bem maior, mesmo que não seja para si.
Mas não sei se um estadunidense – ou uma australiana – tem capacidade para entender isso. Se tudo o que você vê pela frente é dinheiro, dinheiro é tudo o que você terá. Jamais felicidade.
Falando em felicidade, há outro erro que fica sensível no documentário: confundir felicidade e alegria.
Alegria é um estado momentâneo, a pessoa simplesmente está alegre. Felicidade é um estado maior de espírito, é parte do ser: a pessoa é feliz.
Você pode ser feliz e estar chateado, ou não ser feliz e estar alegre, eufórico.
Para terminar, gostei muito mesmo de um comentário de James Arthur Ray definindo enegia e Deus:
Energia: não pode ser criada ou destruída, sempre foi, sempre tem sido, é tudo que sempre existiu e sempre vai existir; está se movendo pela forma, para forma e saindo da forma.
Deus: não pode ser criado ou destruído, sempre foi, sempre tem sido, é tudo que sempre existiu e sempre vai existir; está se movendo pela forma, para forma e saindo da forma.
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Cacilhas, La Batalema