Construcionismo
Em todo lugar onde vejo a expressão «inclusão digital», acontece a mesma coisa: os alunos são adestrados a usar determinados programas.
Os resultados são: (a) ampliação do mercado de venda dos programas em questão; (b) mutilação digital dos alunos, já que a maioria deles fecha sua mente e se torna defensor incondicional dos programas em questão; (c) quando ocorre dentro de um instituição tradicional de ensino, mutilação da escola, já que os tecnólogos aproveitam os educadores estarem despreparados para novas tecnologias para impor suas ideias distorcidas e propagandistas de educação, assim o sistema educacional se adapta às novas tecnologias.
Mas veja só que ABSURDO!
Isso é resultado direto do que eu estava debatendo com o L.P. nos comentários desse artigo: estão a dar mais importância à metodologia do que ao resultado.
É um hábito antigo da área tecnológica que precisa ser quebrado e que agora está prejudicando o sistema educacional sempre onde os dois se encontram.
A Informática não precisa ser a ciência que resolve os problemas da Informática… A Computação não precisa ser a ciência que resolve os problemas computacionais… Basta mudar o foco e então a Informática e a Computação se tornam ciências que apresentam soluções.
Se em vez do sistema educacional ter de se adaptar às intemperes do mercado de Informática, a Informática e a Computação é que precisam se adaptar à escola!
Esse processo é chamado Construcionismo (procure referências também na Wikipédia) e foi desenvolvido pelo matemático Seymour Papert a partir das ideias construtivistas de Jean Piaget.
A ideia é bem simples – apesar de agredir o ego dos tecnólogos: em vez da escola ter de se adaptar e se tornar mais uma mídia propagandista dos patrocinadores, a Informática e a Computação devem adaptar seus recursos às necessidades da escola, sem levar em consideração o favorecimento de empresas ou a venda de produtos.
Aliás, o uso de ferramentas copyleft, em sua maioria gratuitas, é preferível. No entanto os projetos de inclusão digital raramente trabalham com software aberto.
Sendo assim, não elogie empresas como Microsoft e Adobe por suas ações de inclusão digital, pois eles estão apenas apliando seu mercado ao criar novos seguidores, sem qualquer benefício social verdadeiro. Não passam de propaganda.
Verdadeiros projetos de inclusão digital devem primar por avaliar de que forma a Informática e a Computação podem ajudar a escola.
Dessa forma, a escola evolui naturalmente. Segundo Papert, a escola é a mesma há duzentos anos e isso não vai mudar enquanto a tecnologia não abraçar o Construcionismo.
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Cacilhas, La Batalema