Bagagem tecnológica
Falando ainda em tecnologia, os cursos de desenvolvimento de algumas faculdades não têm sido imparciais.
Cada faculdade – principalmente particulares – defende seus pontos e deseja que os alunos se formem defendendo os mesmos princípios, então o conhecimento é fornecido parcialmente.
Por exemplo, a maioria das faculdades ensina a seguinte evolução das linguagens: Pascal → C → C++ → Java, e algumas ainda acrescentam Java → C# quando defendem o ponto de vista Microsoft, como se não houvesse outras linguagens ou como se elas não tivessem importância – e como se as linguagens anteriores tivessem de ser linearmente substituídas pelas posteriores. Algumas até citam que existe Haskell ou outra, mas não ensinam como usar de modo prático, levando o aluno a acreditar que essas outras linguagens não possuem aplicação prática ou profissional.
Não… C não inventou a programação estruturada e não, C++ não inventou a orientação a objetos. Sei que alguém pode dizer «mas meu professor disse que houve outras linguagens orientadas a objetos», então pergunto: quantos alunos lembram de alguma?
A orientação a objetos surgiu na década de 1960, separada da programação estruturada, não uma evolução. A primeira linguagem a apresentar o conceito de orientação a objetos foi Simula, em 1962, e os conceitos se consolidaram em Smalltalk, na segunda metade da década de 1960, não em C++ (1983) ou em Java (1993).
É claro… é bom lembrar que a orientação a objetos só se mostrou prática com seu casamento com a programação estruturada.
Outra coisa importante de lembrar é que não foi a Microsoft quem inventou o desktop – no sentido de interface com o usuário, com o uso de sistema de janelas. Tampouco a Apple!
O desktop foi inventada no Xerox PARC, na década de 1970. Primeiro o sistema Xerox Palo, de 1972, que evoluiu para o Smalltalk-80, que – aí sim – foi adquirido pela Apple, dando origem à interface usada pelos primeiros sistemas MacOS – e Windows.
— Ah! Mas isso não é prático! Os cursos superiores técnicos formam profissionais para o mercado, não para o passado.
Porém o mercado é mutável. O bom profissional de ontem não é um bom profissional de hoje e o bom profissional de hoje não será um bom profissional amanhã. E não adianta fazer atualizações se você não tem a bagagem necessária!
E é essa bagagem que a maioria dos cursos superiores não tem dado, porque se limitam ao que parece importante agora.
Conhecimento ainda é poder, mas maior poder é querer ir atrás do conhecimento em vez de aceitar o que os gurus pregam.
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Cacilhas, La Batalema