Juventude velha
Geralmente uso a palavra velho e seus relativos com sentido diferente de idoso.
Idoso é quem tem idade; velho é quem perdeu a capacidade de aprender.
Digo com segurança que não há ninguém mais velho que adolescentes e jovens.
Contraditório, não? Já explico…
Uma adolescente me perguntou certa vez por que ela precisava praticar escala cromática temperada no violão.
Eu respondi que era pra fortalecer músculos e tendões, ganhar agilidade e fazer com que os movimentos se tornem automáticos, mas ela não se deu por satisfeita, não ouviu nada do que eu disse, continuou reclamando que não ia praticar o que não faz sentido.
O motivo dado não era o que ela queria.
E não se limita aos adolescentes…
Na época em que eu ainda dava aulas de violão, tive um aluno de uns vinte e pouquinhos anos que estava aprendendo escala.
Comecei a ensinar a escala diatónica e ele disse que não queria aprendê-la, queria aprender as escalas Ionian, Dorian, Phrygian, Lydian, Mixolydian, Aeolian e Locrian.
Contei que essa história de sete escalas é enrolação de professor que quer ganhar dinheiro fácil, que são apenas sete modos da escala diatónica: lídio, jónio, mixolídio, dórico, eólio, frígio e lócrio. Expliquei que eu ia ensinar pra ele as escalas pentatónica e diatónica, e como modular, e só com isso ele já ia saber fazer todas as falsas escalas ensinadas por meses por outros professores.
Resultado? Ele foi embora, porque não era a resposta que ele queria. Ele queria aprender a escala Ionian, a escala Dorian…
Pensamento velho demais para entender que estava querendo ser enganado.
Esses são apenas dois exemplos musicais de como os jovens podem ser velhos.
[]’s
Cacilhας, La Batalema