A conveniência da perversão moral
Assistindo ao programa Habitando Marte no Natgeo, surgiu uma questão interessante.
O processo de terraformação de Marte tem três etapas: Marte azul, Marte verde e ilha.
Na primeira etapa, Marte azul, Marte seria aquecido através de efeito estufa até a temperatura média de -32°C, permitindo a existência de água líquida e dióxido de carbono. Essa estapa duraria aproximadamente 100 anos.
Na segunda etapa, Marte verde, vida vegetal da Terra e cianobactérias seriam introduzidas em Marte para converter a atmosférica sulfur-fluor-carbónica em uma atmosfera mais habitável, com oxigénio e nitrogénio. Essa etapa duraria aproximadamente 100.000 anos.
Na terceira etapa, ilha, os primeiros seres humanos passariam a habitar Marte, criando um ambiente civilizado. Essa etapa duraria por milhares de anos, até que a atmosfera se dissipasse novamente.
No entanto há quem creia que há vida bacteriana inerte em Marte – o que não seria tão estranho assim, a Terra mesmo esteve congelada e inerte por milhares de anos antes que os vulcões a descongelasse e reacordasse a vida. Ao considerar isso o plano de terraformação de Marte deveria ser repensado.
Assim, após a primeira etapa, a vida marciana poderia acordar, como aconteceu com a Terra, o que nos leva a uma questão moral: teríamos direito de prosseguir para a segunda etapa?
Um dos cientistas do programa disse que, mesmo ao desconsiderar a questão moral, se a vida marciana não tiver origem terrestre (e a vida terrestre não tiver origem marciana, claro), estudar como a vida totalmente alienígena surge e se desenvolve forner-nos-ia informações e conhecimento sobre a vida que nem sonhamos hoje.
Já outro cientistas disse que moral é aquilo que faz bem aos serem humanos, então a preservação da vida natural seria imoral (!!!). Essa afirmação intelectualmente ofensiva é o motivo deste artigo!
Como uma pessoa supostamente inteligente pode ter uma moral tão corrompida e perversa? A perversão é o que torna o ser humano ALGO amoral e sem valor.
Só para dar um desfecho, um terceiro cientista citou o exemplo de A Guerra dos Mundos, onde achamos altamente imoral e inaceitável que uma raça alienígena tecnologicamente superior venha a nosso planeta e queira tirá-lo de nós, eliminando-nos da face da Terra, mas quando somos nós a irmos ao planeta dos outros para tomá-lo, estranhamente isso se torna convenientemente moral.
Bem colocado! Dois pesos, duas medidas? Bom senso onde?
Gostaria que as pessoas pensassem um pouco mais no caráter imoral da conveniência e da perversão.
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Aproveitando o artigo, assisti em outro programa uma história interessante…
Em uma grande cidade norte-americana houve um apagão noturno. Nesse momento muitas pessoas começaram a telefonar assustadas para o observatório da cidade questionando sobre estranhas luzes no céu.
Os astrónomos, sem entender nada, precisaram fazer uma pesquisa de engenharia social para entender do que todas aquelas pessoas estavam falando, até que descobriram: como a cidade vivia iluminidade dia e noite, os habitantes se desacostumaram com as estrelas!
Os estadunidenses mui sabidos não sabiam o que são estrelas.
Cuidado para que a tecnologia não se transforme em uma bitola para você também.
[]'s
Cacilhas, La Batalema