Ceticismo e (des)respeito

Fico impressionado como o falso ceticismo cresce através da Internet como uma nova e poderosa religião.

Os ditos céticos acreditam que apenas destruindo toda e qualquer cultura mítico-religiosa será possível evoluir social e cientificamente. Debocham e ridicularizam todo pensamento que divirja de suas cresças pseudo-céticas.

Sei que verdadeiros céticos, comprometidos com a dúvida sistemática, visitam este blog, mas também muitas pessoas confusas pelo fanatismo materialista do falso ceticismo caem aqui. Meu intento é plantar em suas mentes uma semente de dúvida, pois o que caracteriza o falso cético é sua certeza, característica essencial do crente.

Provavelmente vão postar comentários fanáticos, associando ceticismo a crenças científicas, mas isso é inevitável. Por exemplo:

• Materialismo é crença. Não há evidências. Toda informação que recebemos é interpretação de sinais, ilusão dos sentidos, e não há qualquer prova de que correspondam perfeitamente à realidade – pelo contrário.
• Darwinismo é teoria, portanto tê-lo por verdade é crença. Portanto respeite a crença alheia.
• Religião é um elemento essencial ao entendimento e à manutenção da cultura e da sociedade. Simplesmente remover a religiosidade de um povo pode trazer consequências moralmente deletérias.
• Uma premissa científica importatíssima que é deliberada e convenientemente esquecida pelos falsos céticos é: ausência de evidência não é evidência de ausência. Assim, se não há evidências da existência de Deus, também não há evidências da inexistência de Deus, ou seja, acreditar na inexistência de Deus é tão crendice quanto acreditar em sua existência.

Quanto a este último tópico, é incrível como meias verdades são usadas pelos crentes pseudo-céticos, tirando vantagem de métodos lógicos de desinformação – como manipulação da operação de implicância e associação reversa – para provar suas certezas fanáticas, sendo a crença em Deus seu mais frequente alvo.

O nome disso é desrespeito pela crença alheia, exatamente igual aos evangélicos fazendo protesto contra a criminalização da homofobia ou às crianças judias e muçulmanas se insultando nas escolas francesas.

Só para fechar: ceticismo não é desrespeito, nem muito menos destruição cultural. Ceticismo é dúvida sistemática: duvidar da existência de Deus, duvidar do ateismo, duvidar da alma, duvidar do materialismo… duvidar das próprias certezas.

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Cacilhas, La Batalema