2007-05-19

Era da Informação

Tux Estive recentemente em uma discussão interna em minha firma sobre FOSS.

Aqui vou publicar algumas conclusões interessantes.

Venda casada


O governo está pensando em proibir definitivamente a venda casada de software e hardware quando possível – aliás, venda casada é crime pela legislação brasileira.

Um de meus sócios sugeriu que a «imposição» da venda de máquinas sem Windows só vai favorecer a pirataria.

Bem, claramente ele havia entendido mal antes de formular tal afirmação.

Não se fala em «imposição» da venda sem Windows, mas no fim da imposição de compra de qualquer software para possibilitar a aquisição de um hardware independente.

Ou seja, com o fim da venda casada, ainda será possível comprar PCs que venham com Windows, mas discriminadamente, ou seja, você passa a saber o quanto está pagando por cada coisa.

Assim torna possível que você não queira adquirir o sistema operacional e, desta forma, o valor desse tem de ser abatido do valor total da venda.

Então não haverá uma nova imposição, mas o fim de uma imposição que infringe a legislação.

Ah sim! A maioria dos usuários domésticos vai optar por instalar um Windows pirata na máquina, sem dúvida. Mas para o mercado isso não fará diferença.

Simplesmente porque a grande maioria das lojinhas de esquina vende Windows pirata – só que cobra pelas licenças como se fossem originais. Pirata da lojinha, pirata do primo do amigo do vizinho, não faz diferença.

Fará diferença para pequenas e grandes empresas, que terão a opção de adquirir máquinas por um custo mais em conta – muito mais em conta se você considerar as quantidades – e poderão ainda assim instalar sistemas operacionais legalizados 0x1 0x2 0x3 0x4 0x5 0x6 0x7 0x8 0x9 0xA 0xB gratuitamente ou pagando licença separada.

Abre-se assim o leque.

Empregabilidade


Atualmente a participação maior do brasileiro no próprio mercado de Informática se resume a vender e dar manutenção, ou seja, todo trabalho divertido – e rentável – é feito fora do país – para onde vai o dinheiro. =P

Até há alguns que ganham algum dinheiro com desenvolvimento de software (hardware é mais difícil, mas também tem), mas sempre usando plataformas proprietárias estrangeiras, cujo dinheiro usado para compra e atualização da licença vai para o exterior da mesma forma.

Com uma maior participação no mercado brasileiro do FOSS, está crescendo novamente a criação nacional de ferramentas e aplicações – vide o maldito PHP.

O mais interessante é que o capital movimentado por FOSS dentro do país fica dentro do país, ou seja, fortalece a economia local.

Veja bem: as pessoas não estarão deixando de pagar seus impostos! Apenas estarão deixando de mandar dinheiro para fora do país, porém gerando o mesmo poder de trabalho.

Modelo colaborativo de desenvolvimento


Esta é uma expressão que os empresários estão usando há algum tempo para falar bem do que eles antes eram contra do FOSS.

A idéia é bastante simples e fácil de entender – se você quiser:

Uma equipe de desenvolvedores trabalhando fechada em um empresa é tão produtiva quanto uma equipe de desenvolvedores trabalhando fechada em uma empresa e nada mais.

Uma equipe de desenvolvedores trabalhando colaborativamente com outras equipes, mesmo que esteja(m) dentro de uma empresa, é tão produtiva quanto a síntese holística das equipes associadas.

Mesmo que dentro de um grupo de equipes associadas apenas duas equipes colaborem ativamente, o grupo ainda será mais produtivo que apenas uma equipe e, logicamente, se há uma equipe colaborando, há a possibilidade de haver mais equipes colaborando também.

Estatística simples.

Portanto o modelo colaborativo é obviamente mais produtivo do que o modelo centralizado de desenvolvimento obscuro.

Responsabilidade social


Com o advento da Era Industrial as pessoas se tornaram extremamente individualistas e antissocialistas.

Mas nenhum indivíduo consegue ser maior do que a sociedade na qual está inserido.

Nada contra o individualismo, mas quando ele ganha maior prioridade do que a responsabilidade social a sociedade começa a ruir e consequentemente os indivíduos são prejudicados.

O modelo colaborativo recria e reforça estruturas sociais, locais ou distribuídas, favorecendo assim os indivíduos mais do que a postura individualista.

É a Era da Informação chegando.

Filosofia


Os defensores dos modelos obsoletos, do status quo decadente, falam mal da nova fase dizendo que não é sensato defender «filosofias» ou idealismos.

Ironia das ironias: não há filosofia mais abstrata do que ser contra filosofias. Esta é uma «filosofia» destrutiva e precisamos ser construtivos.

É o verdadeiro progresso.

Quando falamos em filosofia de trabalho, na verdade não estamos falando de Filosofia, mas de princípios.

Um profissional sem princípios é um profissional que pode amanhã passar a perna em seus clientes. Você cliente confiaria em um profissional assim?

Ética profissional é a base do bom relacionamento entre cliente e prestador de serviço.

Então o que essas pessoas dizem é que elas não têm ética profissional e farão de tudo para ganhar dinheiro, mesmo prejudicar seus clientes.

Ainda sem essa tal «filosofia» que eles tanto malham, é impossível o trabalho em equipe e portanto o resultado de uma equipe que pense dessa forma será sempre inferior ao somatório dos resultados de cada indivíduo da equipe.

Por outro lado sob o novo modelo os profissionais seguem uma «filosofia» – isto é, ética profissional – que garante fidelidade.

Profissionais «com filosofia» trabalham melhor em equipe e o resultado do grupo é superior ao simples somatório dos resultados individuais.

Conclusão


O fluxo da corrente vem da Era Industrial para a Era da Informação e estamos bem no meio da passagem mais estreita.

Quem tentar se agarrar aos velhos hábitos se afogará. Quem seguir a corrente emergirá do outro lado renovado.

[]'s
Rodrigo Cacilhas