A Super e a Galiza
Como sempre este mês a Super(des)interessante revela seu preconceito de modo sutil, até subliminar.
Na matéria da página 44 (Quais serão os próximos países a surgir no mapa?) o autor fala que a força separatista que forma novos países é o Capitalismo, entre linhas deixando de fora o sentimento nacionalista, o poder religioso e a pressão cultural.
Cita a possibilidade (remota) da Catalunha se separar da Espanha por pressão étnica dos bascos, mas motivada – adivinhe – pela força político-económica (subentenda capitalista) de Barcelona.
No entanto a matéria da Super ignora totalmente a luta da Galiza por sua independência da Espanha, que já dura mais de uma geração, uma batalha cultural contra a marginalização do galego e em busca de seu reconhecimento cultural, apoiada fortemente por organizações brasileiras e portuguesas.
A Galiza é uma nação de reconhecimento histórico com povo de origem céltica, há aproximadamente quatrocentos anos sob subjulto e opressão espanhóis, sofrendo ataques culturais por todo esse período. Apesar da língua da nação ser o galego, o castelhano é imposto socialmente e o galego é marginalizado – é feio falar galego em público.
As novas gerações lutam pelo reconhecimento cultural do galego e pela emancipação da Galiza como nação separada da Espanha, no entanto o ranço cultural de quatro séculos de repressão espanhola é uma barreira mais difícil de ser vencida do que a própria pressão do estado espanhol.
E essa luta pelo reconhecimento está sendo travada com paixão e com a ajuda de brasileiros e portugueses.
Porém a Galiza não possui relevância económica, daí a matéria da Super simplesmente ignora toda luta pela identidade galega.
Vergonhoso, como de praxe.
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Cacilhas, La Batalema