2007-05-21

Respeito

lâmpada Já vinha adotando alguns padrões linguísticos mesmo antes de começar a escrever para blogs.

Tais padrões pessoais tentam respeitar as regras da Língua Portuguesa para neologismos e uso de termos estrangeiros. No entanto, sempre me senti sozinho – e até ridicularizado por isso.

No geral, as pessoas de meu meio profissional são tão escravas e vendidas, culturalmente enfraquecidas, sem respeito algum pela própria nacionalidade ou identidade cultural, que fica muito difícil manter uma postura de respeito linguístico.

É até difícil encontrar termos e expressões corretos em nossa língua por falta de referência.

Porém agora vejo que não estou sozinho e, em resposta aos artigos do Sergio e do Luis, vou retomar, reafirmar e reiterar minha postura linguística.

Vou me policiar ao máximo para evitar os estrangeirismos e voltar a fazer uso correto da Língua Portuguesa.

[]'s
Rodrigo Cacilhas

2007-05-19

Era da Informação

Tux Estive recentemente em uma discussão interna em minha firma sobre FOSS.

Aqui vou publicar algumas conclusões interessantes.

Venda casada


O governo está pensando em proibir definitivamente a venda casada de software e hardware quando possível – aliás, venda casada é crime pela legislação brasileira.

Um de meus sócios sugeriu que a «imposição» da venda de máquinas sem Windows só vai favorecer a pirataria.

Bem, claramente ele havia entendido mal antes de formular tal afirmação.

Não se fala em «imposição» da venda sem Windows, mas no fim da imposição de compra de qualquer software para possibilitar a aquisição de um hardware independente.

Ou seja, com o fim da venda casada, ainda será possível comprar PCs que venham com Windows, mas discriminadamente, ou seja, você passa a saber o quanto está pagando por cada coisa.

Assim torna possível que você não queira adquirir o sistema operacional e, desta forma, o valor desse tem de ser abatido do valor total da venda.

Então não haverá uma nova imposição, mas o fim de uma imposição que infringe a legislação.

Ah sim! A maioria dos usuários domésticos vai optar por instalar um Windows pirata na máquina, sem dúvida. Mas para o mercado isso não fará diferença.

Simplesmente porque a grande maioria das lojinhas de esquina vende Windows pirata – só que cobra pelas licenças como se fossem originais. Pirata da lojinha, pirata do primo do amigo do vizinho, não faz diferença.

Fará diferença para pequenas e grandes empresas, que terão a opção de adquirir máquinas por um custo mais em conta – muito mais em conta se você considerar as quantidades – e poderão ainda assim instalar sistemas operacionais legalizados 0x1 0x2 0x3 0x4 0x5 0x6 0x7 0x8 0x9 0xA 0xB gratuitamente ou pagando licença separada.

Abre-se assim o leque.

Empregabilidade


Atualmente a participação maior do brasileiro no próprio mercado de Informática se resume a vender e dar manutenção, ou seja, todo trabalho divertido – e rentável – é feito fora do país – para onde vai o dinheiro. =P

Até há alguns que ganham algum dinheiro com desenvolvimento de software (hardware é mais difícil, mas também tem), mas sempre usando plataformas proprietárias estrangeiras, cujo dinheiro usado para compra e atualização da licença vai para o exterior da mesma forma.

Com uma maior participação no mercado brasileiro do FOSS, está crescendo novamente a criação nacional de ferramentas e aplicações – vide o maldito PHP.

O mais interessante é que o capital movimentado por FOSS dentro do país fica dentro do país, ou seja, fortalece a economia local.

Veja bem: as pessoas não estarão deixando de pagar seus impostos! Apenas estarão deixando de mandar dinheiro para fora do país, porém gerando o mesmo poder de trabalho.

Modelo colaborativo de desenvolvimento


Esta é uma expressão que os empresários estão usando há algum tempo para falar bem do que eles antes eram contra do FOSS.

A idéia é bastante simples e fácil de entender – se você quiser:

Uma equipe de desenvolvedores trabalhando fechada em um empresa é tão produtiva quanto uma equipe de desenvolvedores trabalhando fechada em uma empresa e nada mais.

Uma equipe de desenvolvedores trabalhando colaborativamente com outras equipes, mesmo que esteja(m) dentro de uma empresa, é tão produtiva quanto a síntese holística das equipes associadas.

Mesmo que dentro de um grupo de equipes associadas apenas duas equipes colaborem ativamente, o grupo ainda será mais produtivo que apenas uma equipe e, logicamente, se há uma equipe colaborando, há a possibilidade de haver mais equipes colaborando também.

Estatística simples.

Portanto o modelo colaborativo é obviamente mais produtivo do que o modelo centralizado de desenvolvimento obscuro.

Responsabilidade social


Com o advento da Era Industrial as pessoas se tornaram extremamente individualistas e antissocialistas.

Mas nenhum indivíduo consegue ser maior do que a sociedade na qual está inserido.

Nada contra o individualismo, mas quando ele ganha maior prioridade do que a responsabilidade social a sociedade começa a ruir e consequentemente os indivíduos são prejudicados.

O modelo colaborativo recria e reforça estruturas sociais, locais ou distribuídas, favorecendo assim os indivíduos mais do que a postura individualista.

É a Era da Informação chegando.

Filosofia


Os defensores dos modelos obsoletos, do status quo decadente, falam mal da nova fase dizendo que não é sensato defender «filosofias» ou idealismos.

Ironia das ironias: não há filosofia mais abstrata do que ser contra filosofias. Esta é uma «filosofia» destrutiva e precisamos ser construtivos.

É o verdadeiro progresso.

Quando falamos em filosofia de trabalho, na verdade não estamos falando de Filosofia, mas de princípios.

Um profissional sem princípios é um profissional que pode amanhã passar a perna em seus clientes. Você cliente confiaria em um profissional assim?

Ética profissional é a base do bom relacionamento entre cliente e prestador de serviço.

Então o que essas pessoas dizem é que elas não têm ética profissional e farão de tudo para ganhar dinheiro, mesmo prejudicar seus clientes.

Ainda sem essa tal «filosofia» que eles tanto malham, é impossível o trabalho em equipe e portanto o resultado de uma equipe que pense dessa forma será sempre inferior ao somatório dos resultados de cada indivíduo da equipe.

Por outro lado sob o novo modelo os profissionais seguem uma «filosofia» – isto é, ética profissional – que garante fidelidade.

Profissionais «com filosofia» trabalham melhor em equipe e o resultado do grupo é superior ao simples somatório dos resultados individuais.

Conclusão


O fluxo da corrente vem da Era Industrial para a Era da Informação e estamos bem no meio da passagem mais estreita.

Quem tentar se agarrar aos velhos hábitos se afogará. Quem seguir a corrente emergirá do outro lado renovado.

[]'s
Rodrigo Cacilhas

2007-05-17

Guia de comandos: iproute2

Tux Esse post vai ser para ajudar a galera de RD2 do curso de FORTIC do ISTCC-P.

Os sistemas Linux-based GNU systems (apelidados de GNU/Linux, para simplificar – e erroneamente chamados de Linux) utilizam as ferramentas ifconfig e route do pacote tcpip para configurar recursos de IP.

No entanto existe outro pacote, chamado iproute2, que traz os mesmos recursos de forma bem mais flexível e inteligível, além de ter um uso similar ao do IOS (não idêntico!).

Esse pacote traz as seguintes ferramentas:

  • ip (exibe e manipula roteamento, dispositivos, políticas e tunelamento)
  • tc (exibe e manipula configurações de controle de tráfego)
  • ss (exibe conexões ativas)
  • Outras ferramentas:
    • arpd
    • nstat
    • rtmon
    • ifstat
    • routef
    • routel
    • rtacct
    • rtstat


Aqui o foco será ip, que manipula recursos de IP.


O formato desta ferramenta é:
ip [opções] objeto [comando]


Não vou entrar em detalhes sobre as opções (que podem ser omitidas); para tais detalhes, veja o manual. Então vamos ao objeto!

Objetos


Os objetos são:
  • link – exibe e manipula detalhes sobre a interface;
  • addr – exibe e manipula detalhes sobre o(s) endereço(s) de IP;
  • route – exibe e manipula rotas;
  • rule – regras de política de roteamento;
  • neigh – entrada de cache de ARP;
  • tunnel – tunelamento sobre IP;
  • maddr – exibe e manipula detalhes sobre endereço(s) multicast;
  • mroute – entrada de cache de roteamento multicast;
  • monitor – monitora os objetos;
  • xfrm – esse sinceramente não faço a menor idéia do que faz… Google nele!


Um comando muito interessante é help. Por exemplo, para listar todas as opções da ferramenta:
ip help


Para listas as opções do objeto link:
ip link help


Para listas as opções do comando state do objeto xfrm (sei lá o que isso faz):
ip xfrm state help


Vejam que é equivalmente ao ? do IOS.

Este artigo se limitará aos objetos link, addr e route (apesar de o objeto tunnel ser extremamente interessante, mas deixa pra próxima).

Objeto link


Este objeto manipula atributos da interface. Para exibir os atributos da interface eth0:
ip link show eth0


Caso a interface esteja caída, para levantar a interface:
ip link set eth0 up


E para derrubá-la:
ip link set eth0 down


Há diversos atributos nas interfaces, mas os mais interessantes são:
  • allmulticast – diz se a interface receberá ou não a pacotes endereçados a endereços de multicast;
  • promisc – ativa ou desativa o modo promíscuo.


Por exemplo, para habilitar o recebimento de multicast e ativar o modo promíscuo (necessário para sniffar uma rede com Ethereal):
 ip set eth0 almulticast on promisc on


Objeto addr


Este objeto manipula os endereços IP associados a uma interface lógica. Os comandos mais importantes são:
  • show – exibe os endereços associados a uma interface;
  • add – associa um novo endereço a uma interface, se já houver um endereço associado, o novo endereço será associado como secundário (equivalente a secondary no IOS);
  • del – remove um endereço associado de uma interface.


Todos os comandos devem ser seguidos da opção dev, que informa a interface.

Por exemplo, para exibir todos os endereços associados à interface eth0:
ip addr show dev eth0


Para adicionar o endereço 10.2.3.4, máscara 255.0.0.0, à interface:
ip addr add 10.2.3.4/8 dev eth0


Para remover esse endereço:
ip addr del 10.2.3.4/8 dev eth0


Observação: o objeto addr tem dificuldade em calcular o endereço de broadcast de subclasses, então é preciso informá-lo:
ip addr add 192.198.11.17/30 broadcast 192.168.11.19 dev eth0


Objeto route


Este objeto manipula as rotas.

Não é preciso criar rotas para as redes dos endereços associados às interfaces, pois o objeto addr já faz isso automaticamente!

Os comandos mais importantes são:
  • list (abreviação: ls) – lista as rotas configuradas;
  • add – adiciona uma rota;
  • del – remove uma rota.


Vamos aos exemplos…

Para listar todas as rotas:
ip route ls


Para listar todas as rotas que saem pela interface eth0:
ip route ls dev eth0


Para adicionar uma rota para a rede 10.0.0.0/8 pelo gateway 192.168.12.2 (precisar estar na mesma rede de um dos endereços da interface):
ip route add 10.0.0.0/8 via 192.168.12.2 dev eth0


Para remover a rota:
ip route del 10.0.0.0/8



Agora rota padrão (0.0.0.0/0.0.0.0)!

Para configurar o default gateway como 10.3.0.254:
ip route add default via 10.3.0.254 dev eth0


E para remover a rota padrão:
ip route del default


Conclusão


Acho que é isso tudo! =D

Vou pensar em escrever um artigo sobre tunelamento (manipulado pelo objeto tunnel), mas esse é mais complexo (e divertido).

[]'s
Rodrigo Cacilhas

2007-05-01

A Igreja Romana

Baal Não sou católico. Na verdade detesto a Santa Sé Católica.

Acredito sem dó que a Igreja Romana seja o maior Mal da Humanidade depois dos EUA e do Fanatismo Islâmico (veja bem: eu não disse Islamismo, mas fanatismo).

Mas eu gostava do Papa Wojtyla (sim… ele tinha um nome e não era romano), o papa polonês.

Ele era simpático e tinha pensamento progressista, assim como o Papa Montini.

Tenho grande admiração por esses dois pontífices, Montini e Wojtyla. Com essa sucessão, Montini → Luciani (coitado!) → Wojtyla, quase acreditei que a Igreja Romana estava se tornando algo bom.

Mas de repente vejo que estava errado: Ratzinger, Satanás em pessoa.

Estou sendo duro? Veja só então…

Vou transcrever um pequeno trecho da SuperInteressante defendendo o Papa Ratzinger (se isso é o melhor a ser dito para defender esse monstro, nem quero ver o resto):

Ninguém mais dicute a importância da camisinha para prevenir a AIDS. Para o papa, porém, os católicos não devem usá-la (…). A nossa cultura também reconhece como uma conquista o direito das mulheres (…). Não para o papa, que acha o feminismo bobagem, o divórcio «uma praga» e os gays um problema.

Tem mais: ele condena os padres que participam da luta social contra a pobreza e não dá a mínima para a convivência pacífica com outras religiões (…).


Meus pêsames, caros amigos católicos.

Pois é… tomara que esse demônio represente o começo do fim desse câncer que é a Igreja Católica.

[]'s
Rodrigo Cacilhas